Oposição entrega a Lira abaixo-assinado contra reforma administrativa

A prioridade dos partidos de oposição é suspender a tramitação da PEC 32, que implementa a reforma. Alice Portugal (PCdoB-BA) lembrou Fundeb e conclamou mobilização popular.

Parlamentares se posicionam contra reforma administrativa - Reprodução/Facebook

Deputados da oposição entregaram ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), nesta quarta-feira (9), dia em que a Câmara dos Deputados instala a comissão especial da reforma administrativa, um abaixo-assinado com 128 mil assinaturas contra o desmonte do serviço público. O documento tem o apoio de mais de 100 entidades de servidores federais, estaduais e municipais.

Segundo a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), a prioridade dos partidos de oposição é suspender a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32, que implementa a reforma administrativa. Ela afirmou, entretanto, que os deputados vão lutar para que Arthur Lira cumpra promessa feita ao receber o abaixo-assinado, de preservar direitos adquiridos.

“O texto que o governo encaminhou atinge atuais servidores e retrai as novas gerações a ingressar no serviço público. O princípio da ‘voucherização’, defendido de forma aberta pelo ministro [da Economia] Paulo Guedes, está inserido fortemente no texto da PEC. Evidente que um texto como esse, nós não queremos apreciar. Mas, infelizmente, há interesse político no encaminhamento. O que nós conseguimos, o que o presidente [da Câmara] nos garantiu, é que não haverá um arranhão sequer no direito adquirido”, afirmou a deputada.

Alice Portugal disse também que ainda é possível barrar a reforma com mobilização popular. “Nosso apelo é que os servidores de todo o país se conscientizem sobre os riscos da dissolução do Estado nacional, porque é isso que está em voga. Acima de tudo, que possamos dizer à sociedade que não há privilégios nesse universo atingido [pela reforma] e que não há garantia dos direitos que estão postos hoje. Ninguém dava um real que nós aprovaríamos o Novo Fundeb e foram milhões de correspondências para os deputados que fizeram virar a matemática previsível desta Casa”, comentou.

O deputado Rogério Correia (PT-MG) disse que o objetivo da oposição é reunir 1 milhão de assinaturas para o abaixo-assinado até o fim da tramitação da PEC 32. Ele também alertou para os perigos da reforma administrativa, que, segundo ele, promove a privatização do serviço público.

“O que esta proposta faz, a alma dela, é a privatização do serviço público. Haverá convênios de cooperação com entidades privadas, com dinheiro público, para prestação de serviços que hoje são só do Estado. É perverso não só com os servidores, mas com o povo brasileiro. É um debate muito profundo, que queremos fazer com toda a radicalidade necessária”, afirmou.

O líder da Minoria, deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), afirmou que a proposta de reforma administrativa vai na contramão do aprendizado trazido pela pandemia sobre o papel do Estado. “O mundo inteiro está mostrando, durante a crise da pandemia, que a gente precisa de um Estado que seja garantidor da vida, do emprego, da recuperação econômica. Neste momento, pensar em redução do Estado e em modelos de privatização é ir na contramão da história”, declarou.

Mais cedo, entidades representativas de servidores fizeram um ato contra a reforma administrativa em frente ao anexo II da Câmara dos Deputados.

Autor