Cláudio Maierovitch reforça na CPI a importância do uso de máscara

A advertência do especialista vai de encontro a fala do presidente Bolsonaro que acionou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para emitir um “parecer” a fim de liberar o equipamento de proteção aos que já foram vacinados ou que contraíram a doença

O médico sanitarista Cláudio Maierovitch depõe na CPI (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

O médico sanitarista Cláudio Maierovitch, pesquisador da Fiocruz e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), reforçou nesta sexta-feira (10), na CPI da Covid, a necessidade do uso de máscara para proteção dos brasileiros contra o Covid-19. A advertência do especialista vai de encontro a fala do presidente Bolsonaro que acionou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para emitir um “parecer” a fim de liberar o equipamento de proteção aos que já foram vacinados ou que contraíram a doença.

De acordo com ele, as pessoas que tiveram infecção e, mesmo vacinadas, podem voltar a ter infecção e ficar doentes. “Em geral, os estudos feitos com vacinas verificaram a possibilidade de um novo adoecimento. Nós ainda temos pouca informação sobre a possibilidade de uma nova infecção sem sintomas. Provavelmente essa possibilidade é maior do que a de que uma pessoa fique doente novamente”, disse.

O médico sanitarista assegurou que não existe uma vacina com eficácia de 100%. “As eficácias têm sido observadas crescentes quando comparadas com uma gravidade maior da doença, ou seja, as vacinas parecem mais eficazes para evitar morte, para evitar a doença grave do que para evitar os quadros mais leves e provavelmente também quando se fala de evitar infecções sem sintomas”, explicou.

Por isso, diz o especialista, é necessário continuar com todos os cuidados de proteção, enquanto o país não alcançar um número significativo de pessoas vacinadas. “Nós temos que continuar com todos esses cuidados, temos que continuar usando as máscaras quando as pessoas estiverem próximas ou estiverem em lugares fechados”, orientou.

A microbiologista Natalia Pasternak, que também presta depoimento na CPI, diz que o uso de máscara é essencial diante do alto número de mortes registradas no país. “É essa curva que nós temos que olhar. A gente só vai poder deixar de usar as medidas preventivas, quando uma grande porção da população estiver vacinada e quando a curva nos disser que isso é seguro”, defendeu.

Para ele, não é preciso verificar o percentual de vacinados, mas a vacinação na sociedade. “Então, são os números da Covid que vão nos dizer qual é o momento em que a gente pode começar a relaxar as medidas preventivas. E, complementando o Cláudio, nenhuma vacina é 100%”, afirmou.

Goleiro

Pasternack deu um exemplo que agradou aos senadores: “A eficácia dessas vacinas vai variar de acordo com a taxa de transmissão comunitária também. Eu costumo dar o exemplo sempre do jogo de futebol e do goleiro. Como é que a gente sabe que um goleiro é um bom goleiro? A gente olha o histórico dele, que é a eficácia do goleiro, a frequência com que ele pega a bola. Se ele tem um bom histórico, ele é um bom goleiro, mas isso não quer dizer que ele é infalível, não quer dizer que ele é invicto, não quer dizer que ele nunca vai tomar gol. E se a gente olha para um único jogo em que ele tomou um frango e fala: ‘Ih, esse cara tomou frango, ele é uma porcaria’, não, ele não é uma porcaria, ele é um bom goleiro, ele só não é infalível.”

A microbiologista prosseguiu dizendo que se a defesa de time é “uma droga, que não serve para nada, que não usa máscara, que não faz distanciamento social, que não respeita as medidas preventivas, vai ter tanta bola vindo para o gol, vai ter tanto vírus circulando que a probabilidade de ele errar é muito maior.”

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