Cebrapaz defende maior mobilização pela causa palestina

Em nota divulgada nesta quarta-feira (16) o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) reitera o seu compromisso com a causa palestina e refutou a posição do governo de Jair Bolsonaro em se congratular com o novo governo de Israel.

O Cebrapaz, em sua nota, reforça a necessidade de maior “mobilização neste momento de acrescida gravidade para a luta pela libertação nacional e a consolidação do Estado da Palestina que a colonização e a opressão dos palestinos por Israel visam enterrar”.

Leia abaixo a íntegra da nota:

O governo empossado no domingo (13) em Israel sucede uma gestão colonialista e genocida liderada por Benjamin Netanyahu e não deve mudar de curso. Ao contrário da declaração emitida em 14 de junho pelo governo de Jair Bolsonaro, congratulando a nova coalizão e reiterando a sua aliança a Israel, os movimentos sociais brasileiros e as forças progressistas no Congresso, historicamente solidários com o povo palestino, repudiam o regime de apartheid de Israel, assim como os acordos de Bolsonaro com este regime. Parte ativa desse movimento, o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) reitera o seu compromisso.

Netanyahu teve um governo de 12 anos consecutivos e uma gestão anterior sempre orientadas pela máxima opressão do povo palestino, o roubo de suas terras para a expansão das colônias e repetidas ofensivas militares, inclusive a de maio, que matou mais de 250 palestinos. Mas a nova coalizão, alcançada após a quarta eleição em dois anos, será primeiro liderada por um notório fanático religioso, racista e ultranacionalista de extrema-direita, Naftali Bennett, como primeiro-ministro, sucedido por Yair Lapid no cargo.

Vários dos ministros nomeados para compor a nova gestão foram membros dos governos de Netanyahu, que está sob a sombra dos crimes de guerra e crimes contra a humanidade que o Tribunal Penal Internacional finalmente começou a investigar. Um dos responsáveis por tais ofensas será o ministro da Defesa do novo governo, Benny Gantz, que foi comandante do Exército na ofensiva de 2014 de Israel contra os palestinos, resultante em mais de 2.100 mortos, maioritariamente civis, numa Faixa de Gaza sitiada há mais de uma década.

Inaugurando o novo período com velhas práticas, israelenses extremistas realizaram uma marcha provocativa nesta terça-feira (15), a “Marcha das Bandeiras”, na cidade antiga de Jerusalém, território anexado por Israel numa afronta ao direito internacional que Bolsonaro prometeu reconhecer, eventualmente transferindo para a cidade a Embaixada do Brasil. Na região moram palestinos e o evento resultou em agressões. Provocadores israelenses gritaram “morte aos árabes” e outros impropérios, mas foram acobertados pela polícia, que deteve 17 palestinos e deixou vários feridos com a brutalidade da repressão. Em apoio aos manifestantes, palestinos de Gaza lançaram balões incendiários ao território israelense, que foram respondidos com bombardeios aéreos pelo exército de Israel a duas localidades que alegadamente servem de base do Hamas, o partido que governa o território sitiado, ameaçando o frágil cessar-fogo.

Neste contexto de contínua ofensiva de Israel contra o povo palestino, que há sete décadas resiste à colonização sionista, a nota de Bolsonaro é uma afronta ao povo brasileiro e à sua amizade e solidariedade com os povos em luta contra a opressão. Diz que em seu governo “as relações com Israel foram alçadas a novo patamar de prioridade”, uma “aproximação sem precedentes” que “estabeleceu as bases para iniciativas estratégicas e ações de longo prazo”. Ressaltamos ainda que, apesar do repúdio de diversas forças sociais e de parlamentares, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados aprovou o “Acordo sobre Cooperação em Questões Relacionadas à Defesa” assinado entre Bolsonaro e Netanyahu em 2019, incluindo “treinamento e educação em questões militares” e a “cooperação nos campos de aquisição, pesquisa e desenvolvimento, apoio logístico e mobilização, assim como troca de conhecimento e experiências nas áreas operacional, científica e tecnológica”. Trata-se de estreitar laços com a potência ocupante e algoz do povo palestino alvo dos testes dos equipamentos, armamentos e táticas ofensivas de Israel.

Por isso, o povo brasileiro, cuja tradição diplomática foi sempre a da busca da paz e a defesa da autodeterminação dos povos, não pode aceitar tamanha afronta. O Cebrapaz reitera sua posição firme de apoio ao povo palestino e une-se ao crescente movimento de solidariedade no Brasil contra a posição de Bolsonaro, chamando a reforçar a nossa mobilização neste momento de acrescida gravidade para a luta pela libertação nacional e a consolidação do Estado da Palestina que a colonização e a opressão dos palestinos por Israel visa enterrar.

Palestina livre, já!

Direção Nacional do CEBRAPAZ

16 de junho de 2021

Autor