Witzel sugere que Bolsonaro lhe perseguiu por causa do caso Marielle
No depoimento nesta quarta-feira (16), na CPI da Covid, o ex-governador responsabilizou Bolsonaro pelas quase 500 mil mortes no país por causa da pandemia
Publicado 16/06/2021 12:38 | Editado 16/06/2021 14:54
O ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel deixou a entender que começou a ser perseguido por Bolsonaro e, por consequência sofrer o impeachment, por conta do avanço das investigações do caso Marielle. Ao apostar que os culpados pela morte da vereadora serão encontrados, ele disse que teme ser morto por milicianos e não descarta sair do país. No depoimento nesta quarta-feira (16), na CPI da Covid, o ex-governador responsabilizou Bolsonaro pelas quase 500 mil mortes no país por causa da pandemia.
De acordo com o governador, a perseguição política começou quando ele foi acusado de intervir no caso Marielle. “A partir daquele momento do caso Marielli eu percebi que o governo federal e o presidente começaram a me retaliar. Nós tínhamos dificuldades para falar com os ministros. Num voo, o Paulo Guedes (ministro da Economia) virou a cara pra mim e saiu correndo”, disse.
Ele afirmou que não interferiu na polícia, mas viu a perseguição aumentar quando em depoimento à Polícia Civil do Rio de Janeiro, o porteiro atribuiu a “seu Jair” a autorização para entrada no condomínio Vivendas da Barra, onde Bolsonaro tem residência. do ex-PM Élcio Queiroz, acusado de ser o motorista no atentado que culminou com a morte da vereadora.
O ex-governador lembrou que, após intimação da Polícia Federal, o porteiro mudou de versão colocando sob suspeita a interferência no caso de Bolsonaro e Sérgio Moro. “Defensoria (Pública) vocês não vão fazer a defesa do porteiro. Então, são indícios de uma série de perseguição porque não me dobro, minha polícia é independente”, afirmou Witzel.
Após ter sumido de várias sessões da CPI, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, reapareceu e tentou intimidar o ex-governador. “Não vai me intimidar, porque não sou porteiro”, respondeu Witzel ao senador, em referência ao caso do porteiro. “Se o senhor fosse mais educado e menos mimado, seria mais respeitado”, completou o depoente.
Ele também revelou outro episódio após encontro, em Brasília, com o ex-ministro da Justiça para pedir que delegados federais não deixassem o Rio de Janeiro. “O chefe falou que você tem que parar de dizer que quer ser presidente”, avisou Moro a ele, deixando claro que a volta dos delegados dependeria dessa mudança de postura.
Culpado
Witzel também culpou Bolsonaro pelas de mortes no país em decorrência da pandemia da Covid-19. Segundo ele, o presidente adotou uma postura negacionista diante do caos e montou narrativas pelas quais colocava a culpa do problema nos prefeitos e governadores.
“Para poder se livrar das consequências do que viria com a pandemia, criou uma narrativa. Foi uma narrativa estrategicamente pensada. Os governos estaduais ficariam em situação de fragilidade, porque não teriam condições de comprar os insumos, respiradores e, inclusive, atender os seus pacientes no Sistema Único de Saúde, que, embora seja um excelente sistema para um país como o nosso, tem dificuldade. Então, o que ficou claro é que a narrativa construída pelo governo federal foi para colocar os governadores numa situação de fragilidade, porque os governadores tomaram as medidas necessárias de isolamento social. E isso tem repercussões econômicas”, disse.
Por essa conduta, ele espera que Bolsonaro seja culpado na Justiça brasileira e nos tribunais internacionais.