Gonzalo Vecina: País terá 850 mil mortes por Covid graças a Bolsonaro

Para sanitarista, Brasil pode se aproximar da marca de 1 milhão de mortos

O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), afirmou nesta quinta-feira (17) que o Brasil pode se aproximar da marca de 1 milhão de mortos pela Covid-19, até que a imunização da população avance o suficiente para conter a transmissão do vírus. Vecina disse que é preciso considerar a aceleração da doença até o momento e responsabilizou o presidente Jair Bolsonaro pelo descontrole sanitário no país.

“Vamos chegar próximo a 1 milhão de mortes até termos cobertura vacinal”, afirmou Vecina, em entrevista ao Jornal da Cultura. “Temos que lembrar como foi a evolução disso. Como foi sair de 100 mil para 200? E de 200 para 400 mil? Vamos chegar seguramente nos 800 mil, 850 mil mortos, infelizmente, graças ao presidente da República”, declarou.

Em março, o neurocientista Miguel Nicolelis havia previsto que o Brasil chegaria à marca de 500 mil óbitos em julho deste ano. Naquele momento, ele foi desacreditado pelos críticos, que apontavam suas estimativas como alarmistas. Contudo, a marca de meio milhão de vítimas da covid-19 deve ser atingida ainda neste mês, nos próximos dias. Nesta quinta (17), o país somava mais de 496 mil mortos pela pandemia.

Conforme a plataforma Monitora Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é necessário vacinar 1,19 milhão de pessoas todos os dias para que todos os maiores de 18 anos sejam imunizados até o final do ano. Se forem aplicadas apenas nos dias úteis, esse número sobe para 1,696 milhão de doses aplicadas diariamente. É mais do que a média dos dez dias com o maior volume de doses aplicadas – 1,269 milhão de doses ao dia. Os números da vacinação oscilam pela falta de doses e pela escassez de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), importados da China, para a produção dos imunizantes da própria Fiocruz e do Instituto Butantan.

A CPI da Covid vem trazendo à tona a negligência do governo nas negociações para a aquisição de vacinas. Além disso, Bolsonaro se empenha em pôr em xeque a eficácia das vacinas e fez constantes ataques à Coronav e a autoridades chinesas. Pelo balanço dos senadores, o Brasil poderia ter recebido cerca de 150 milhões de doses de vacinas até maio deste ano, não fosse o desinteresse e o negacionismo da gestão federal.

As investigações da Comissão revelaram, por exemplo, que o Ministério da Saúde poderia ter adquirido até 70 milhões de doses da Pfizer, que seriam entregues a partir de dezembro. Nessas ofertas, cada dose do imunizante custaria US$ 10, metade do preço pago por Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) contabilizou 53 emails enviados pela farmacêutica norte-americana que ficaram sem respostas.

Com informações da RBA