Queda de ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro repercute no mundo

“O ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, anunciou sua renúncia na quarta-feira (23), desistindo do cargo em meio a duras críticas à sua posse e duas investigações sobre suas ações envolvendo exploração madeireira supostamente ilegal”, diz o Washington Post

Ministro Ricardo Salles posa em frente a madeira apreendida no Pará (Foto: Reprodução/Instagram)

O jornal americano Washington Post deu destaque para a saída do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, após enfrentar denúncias sobre favorecimento ao contrabando de madeira na Amazônia. “O ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, anunciou sua renúncia na quarta-feira (23), desistindo do cargo em meio a duras críticas à sua posse e duas investigações sobre suas ações envolvendo exploração madeireira supostamente ilegal”, diz o texto, uma reportagem da AP, distribuída ontem e reproduzida por jornais e sites noticiosos ao redor do mundo.

Destacou ainda que um projeto de lei foi aprovado pela Câmara em meio a protestos indígenas que temem o enfraquecimento de suas reivindicações por regularização de terras. “Centenas de indígenas se reuniram em frente ao Congresso brasileiro na quarta-feira para pressionar pela rejeição de um projeto de lei que poderia afrouxar a proteção de suas terras – uma proposta que já gerou confrontos com a polícia”, informa o jornal, replicando despacho da Associated Press.

A queda de Salles também é destaque no Wall Street Journal, em reportagem assinada por Samantha Pearson, lembrando que o ministro era amplamente criticado por ativistas ambientais pelo aumento do desmatamento da Amazônia sob sua supervisão. Ele será substituído por Joaquim Alvaro Pereira Leite. A renúncia do ministro também repercute no Financial Times, apontando que a renúncia de Salles foi aplaudida por ativistas. “Aliado do presidente Jair Bolsonaro sob investigação por acusações de conluio com madeireiros ilegais na Amazônia”, resume.

Os britânicos The Guardian e The Times também colocam a queda de Salles em perspectiva. Ministro do Meio Ambiente do Brasil desiste em meio a inquérito sobre extração ilegal de madeira na Amazônia, diz o título da matéria do jornal progressista. “Em negociações com os EUA para proteger a barraca da floresta tropical, Ricardo Salles enfrenta investigação criminal”, sublinha o jornal. Ele é acusado de obstruir um inquérito policial sobre a extração ilegal de madeira na floresta amazônica. “Um juiz da Suprema Corte autorizou a investigação de Ricardo Salles depois que uma batida da polícia federal teve como alvo o ministro e outros funcionários que teriam permitido a exportação ilegal de madeira”, lembra.

O ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, demite-se por causa de investigações madeireiras na Amazonia, destaca o Times. “O ministro do meio ambiente do Brasil renunciou enquanto enfrenta duas investigações sobre suas ligações com a extração ilegal de madeira na floresta amazônica. Ricardo Salles é um amigo da família do presidente Bolsonaro”, lembra.

No El País, matéria diz que o ministro do Meio Ambiente do Brasil renuncia à medida que desmatamento acelera. O argentino Página 12 também trata da queda do ministro e ressalta que ele é alvo de duas investigações relacionadas à exportação ilegal de madeira. O português Público informa a demissão do ministro do Ambiente do Brasil, alvo de inquérito sobre desflorestação da Amazônia. “A saída de Ricardo Salles foi festejada pela oposição e por muitas organizações não-governamentais, mas todos sublinham que ‘a destruição ambiental’ promovida por Bolsonaro vai continuar”, reporta. “Quantas árvores precisaram de ser derrubadas para que Ricardo Salles também fosse?”, comentou o senador Humberto Costa, do PT

Pandemia

New York Times noticia que o Brasil atingiu a marca de 500 mil mortes na pandemia. “Uma tragédia sem nenhum sinal de que vai acabar”, destaca o jornal, em reportagem assinada por Ernesto Londoño e Flávia Milhorance, com fotos impactantes do premiado Maurício Lima. “No Brasil, maior nação da América Latina, o vírus encontrou um terreno notavelmente fértil, turbinando o surto que transformou a América do Sul no continente mais afetado do mundo”, diz o texto. “O Brasil ultrapassou recentemente 500.000 mortes oficiais de Covid-19, o segundo maior total do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Cerca de 1 em cada 400 brasileiros morreu do vírus, mas muitos especialistas acreditam que o verdadeiro número de mortes pode ser maior . Lar de pouco mais de 2,7% da população mundial, o Brasil é responsável por quase 13% das fatalidades registradas, e a situação não está melhorando”.

Em outra reportagem, o NYTimes informa que a Casa Branca planeja enviar 3 milhões de doses da vacina da Johnson & Johnson ao Brasil nesta quinta-feira. A remessa faz parte da promessa do presidente Biden de entregar 80 milhões de doses no exterior até o final de junho.

O francês Le Monde noticia o agravamento da crise sanitária da Covid-19 no Brasil: Novo recorde de contaminações no diante de uma terceira onda. “O Brasil registrou mais de 115 mil novos casos em vinte e quatro horas, novo recorde que confirma a chegada de uma terceira onda, que já mata mais de 2 mil por dia”, aponta o jornal. “Embora a pandemia Covid-19 – e seus 3,8 milhões de mortes em todo o mundo – pareça estar marcando passo em países onde a vacinação está progredindo rapidamente, ela continua a causar estragos no Brasil, atormentado por uma terceira onda de contaminações”, informa. O argentino Página 12 é outro a noticiar o novo recorde de infectados pelo coronavírus no Brasil: 115.228 casos de coronavírus em 24 horas. “Covid-19 continua a atingir o gigante sul-americano”, informa.