Quem “espanca” a frente ampla alia-se a Bolsonaro
Quem efetivamente quer e luta pelo impeachment já de Bolsonaro, ou pela sua derrota em 2022, sabe que é imperativo conquistar a maioria. E mais: é preciso criar as condições para que ela se imponha nas ruas, nas urnas e no parlamento.
Publicado 08/07/2021 17:02 | Editado 08/07/2021 17:41
O #3J Fora Bolsonaro foi mais um êxito das entidades e dos movimentos do povo, das centrais sindicais, dos partidos de esquerda e centro-esquerda. Além de massivas, as manifestações ganharam em amplitude, seguindo o diapasão do espectro amplo de partidos, entidades e parlamentares que assinou o pedido de superimpeachment. Como se sabe, para além da esquerda, movimentos e parlamentares de direita e centro-direita se engajaram na luta pelo afastamento imediato do presidente.
Diante do vigor crescente do despertar das ruas, Bolsonaro atacou as manifestações. O neofascismo tem ciência de que a frente ampla e o povo nas ruas lhe são potencialmente letais.
Há vários exemplos históricos que demonstram isso. A ofensiva que levou à derrocada da ditadura militar é um deles. A partir da Anistia, em 1979, foram se mesclando ações da frente ampla democrática e manifestações do povo em ondas crescentes.
Quem efetivamente quer e luta pelo impeachment já de Bolsonaro, ou pela sua derrota em 2022, sabe que é imperativo conquistar a maioria. E mais: é preciso criar as condições para que ela se imponha nas ruas, nas urnas e no parlamento.
No #3J Fora Bolsonaro, aconteceu um episódio execrável que colide com tudo o que foi dito até aqui.
O PCO praticou agressões contra lideranças que foram à manifestação da Avenida Paulista para apoiar o evento. A intolerância sectária do PCO agrediu manifestantes do PSDB e também do PDT e da União da Juventude Socialista (UJS) e ativistas de movimentos populares, como do CMP e do MSTC.
Lideranças do movimento estudantil, como Iago Montalvão, Rozana Barroso e Flávia Calé, presidentes da UNE, da UBES e ANPG, respectivamente, divulgaram um artigo em que condenaram, veementemente, as agressões do PCO. As Centrais Sindicais, praticamente todas, também repeliram a selvageria sectária.
Ao se enveredar por essa prática execrável completamente antagônica à convivência democrática com a qual as forças de esquerda lidam com suas divergências e diferenças, o PCO, para além de seu palavreado falsamente radical, presta um serviço à extrema-direita. Alia-se, objetivamente, a Bolsonaro que tem medo, igual o diabo tem da cruz, da ampliação e do fortalecimento das mobilizações de rua.
Não raro, na história, os extremos passeiam de mãos dadas.