Bolsonarismo isolado: 94% dos brasileiros aderem à vacina anti-Covid

Com a oferta de quatro imunizantes diferentes no país, autoridades de saúde têm pedido que a população tome o que tiver posto, para ampliar a cobertura o mais rápido possível

A população brasileira mandou o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro às favas e aderiu em peso à vacinação contra a Covid-19. Conforme pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira (13), 94% das pessoas já se vacinaram ou pretendem se vacinar. O percentual é o maior entre os levantamentos do instituto que levantaram essa questão.

Entre os entrevistados – brasileiros maiores de 16 anos –, 56% dizem já ter se vacinado, e 38% afirmam que pretendem fazê-lo. Apenas 5% afirmam que não foram nem pretendem ser imunizados, enquanto 1% não sabe. Um a cada cinco brasileiros (19%) declara já tomou duas doses (17%) ou dose única (2%). Além disso, 37% tomaram a primeira dose e aguardam a data para completar a imunização.

Com a oferta de quatro imunizantes diferentes no país, autoridades de saúde têm pedido que a população tome o que tiver posto, para ampliar a cobertura o mais rápido possível. O Datafolha mostra que 1% dos brasileiros não foi imunizado ainda porque não tinha a vacina que queria. Um terço (33%) dos que pretendem se vacinar aguarda a data da primeira dose.

No Brasil, com Bolsonaro atuando na contramão da tendência global, a adesão às vacinas atingiu o ponto mais baixo em dezembro do ano passado, quando o País registrava 180 mil mortes pela doença – hoje já são mais de 534 mil. Na ocasião, 23% dos entrevistados pelo Datafolha diziam não ter intenção de se imunizar. Metade afirmava que não tomaria vacina da China, país de origem da Sinovac, empresa parceira do Instituto Butantan na produção da Coronavac.

Desde janeiro, porém, quando a enfermeira Mônica Calazans se tornou a primeira brasileira protegida contra a Covid-19, justamente com uma dose do que os bolsonaristas chamam de “vacina chinesa”, a aceitação dos imunizantes só cresce, a despeito das falas de Bolsonaro. O presidente já deu uma série de declarações para tentar pôr em dúvida a eficácia e a segurança dos imunizantes, contrariando as evidências científicas.

Não à toa, o Datafolha mostra que a proporção dos que não se vacinaram nem pretendem fazê-lo é maior, ainda que significativamente minoritária, entre os que dizem sempre confiar no presidente (11%), entre os que avaliam seu governo como bom ou ótimo (9%) e entre os que pretendem votar nele em 2022 (9%). Quanto mais bolsonatista, mais contrária a pessoa é à ciência. Como regra, porém, o bolsonarismo está cada vez mais isolado.

O Datafolha ouviu, presencialmente, 2.074 pessoas, em 146 cidades brasileiras, nos dias 7 e 8 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Com informações da Folha.com