JN: 110 anos e seu intricado jogo político, por Aurélio Matias

Juazeiro do Norte completa 110 anos com um governo de incertezas.

Cidade-síntese cultural do sertão nordestino, formada pelo apostolado do Padre Cícero, com sua pedagogia de oração e trabalho, abrigo para vários povos que aqui vieram na esperança da construção de uma nova vida. Hoje completa 110 anos.

Trabalho, fé e resistência são palavras presentes na história da nossa gente. Resistência contra as secas, o flagelo de fome, a falta de apoio e assistência do Estado brasileiro. Resistência já traduzida na luta armada contra a ameaça de destruição ao ataque do governo, na guerra de 1914.

A Pandemia da Covid 19 agravou a situação social. 626 juazeirenses já perderam a vida para o Coronavirus, certamente, muitas dessas mortes teriam sido evitadas se o governo do inominável tivesse providenciado a vacina a tempo. O aumento do desemprego, a inflação, diminuição do poder de compra do salário mínimo, trouxe de volta a fome ao cotidiano urbano. 42,4% da população vive com renda mensal até ½ salário mínimo, apenas 20,3 % da população tem ocupação formal.

Soma-se a isso, a cidade vive uma crise política, com a fragmentação de forças, o prefeito, aliado do campo Bolsonarista no Estado, foi eleito com apenas 38,18% dos votantes e sofre um processo de afastamento pela justiça eleitoral, por irregularidades na prestação de contas, abuso do poder econômico, uso de helicóptero, etc. Tensa e conflituosa é a relação do Executivo com a Câmara de Vereadores, três CPIs já foram instaladas. A demora no julgamento desse afastamento é ruim para a cidade, deixa a gestão na tênue corda da insegurança. O quadro político é de incertezas e indefinições.

Neste aniversário de 110 anos, é uma data para comemorarmos a resistência da nossa gente, mas refletirmos sobre o nosso passado, o presente e o futuro. É hora da união de amplas forças em um movimento para barrar o atraso que está o Brasil.

 *Professor – mestre em Ciências Sociais

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