Apagão nos dados do CNPq é causado pela falta de verbas, acusam deputados

Servidor usado para armazenar plataformas Lattes e Carlos Chagas queima e órgão confessa que sistema não tinha backup

(Foto: Herivelto Batista/MCTIC/Divulgação)

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) informou, nesta terça-feira (27), que o servidor utilizado para armazenar a plataforma Lattes “queimou”. O apagão está causando apreensão em pesquisadores de todo o Brasil, até porque não há previsão para normalização do sistema.

A agência federal ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia lamentou ainda que a plataforma não tinha backup e não se sabe quantos dados foram perdidos.

Uma das preocupações se refere à plataforma Lattes, que reúne o currículo de cientistas brasileiros e também é o repositório de informações sobre a produção científica em todas as áreas do conhecimento. A plataformas contêm o Currículo Lattes, Diretório de Grupos de Pesquisa, Diretório de Instituições e Extrator Lattes.

Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), a pane no sistema do órgão é mais um exemplo da “política de negação à ciência desse governo que empurra o Brasil para um caos”.

“Absurdo! Os sistemas do CNPQ estão há quatro dias fora do ar. São milhares de dados acadêmicos e pesquisas indisponíveis para pesquisadores, estudantes e professores. Um verdadeiro APAGÃO DA CIÊNCIA”, protestou em mensagem no Twitter.

O problema foi notificado na segunda-feira (26), quando pesquisadores de todo o Brasil tentaram acessar o Lattes, mas sem sucesso. Nas redes sociais, o governo federal confirma a “indisponibilidade das plataformas”. No entanto, não foi citada a possível perda de milhares de dados e produções científicas realizadas no Brasil.

Segundo o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o CNPq “tem sido alvo prioritário da política anticientífica do governo Bolsonaro”. “A agência sofre com cortes orçamentários irresponsáveis que resultam em seu desmonte. O objetivo é destruir o sistema nacional de C&T. Falsos patriotas”, escreveu em suas redes sociais.

O parlamentar lembrou que o Congresso Nacional aprovou o PLC 135/20, que proíbe o contingenciamento do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), mas, ilegalmente, o governo Bolsonaro continua mantendo a verba de R$ 5 bi presa para acelerar o desmonte do CNPq e da C&T.

“A plataforma Lattes sofreu um apagão, podendo comprometer dados. Quem paga por isso?”, questionou Orlando Silva.

Guerra contra a ciência

O líder da minoria na Câmara, Marcelo Freixo (PSB-RJ), diz que o apagão no CNPq é mais uma consequência da guerra de Bolsonaro contra a produção científica brasileira. “O orçamento do órgão para 2021 é o menor dos últimos 20 anos. Quando o Brasil mais precisa da ciência, bolsas e pesquisas estão paralisadas. É um projeto de destruição nacional”, criticou.

O deputado José Guimarães (PT-CE) considerou o apagão um fato gravíssimo. “Portal do CNPq fora do ar e possibilidade de apagão no currículo Lattes são reflexo do obscurantismo e do descaso do governo Bolsonaro com a educação e a produção científica no país. Falta investimento, reconhecimento e incentivo aos pesquisadores. Falta o básico”, protestou.

“A ciência brasileira está sendo duramente atingida pelo apagão no sistema do CNPQ! A plataforma Lattes é a principal ferramenta para os mais de 200 mil pesquisadoras/es que atuam nessa rede produtora de conhecimento”, postou a deputada Maria do Rosário (PT-RS).

A líder do PSOL na Casa, Talíria Petrone (RJ), diz que o apagão faz parte do desmonte da educação no país. “O servidor do CNPq queimou e o Lattes está fora do ar há quase uma semana. Milhares de dados sobre pesquisa, folhas de pagamento de bolsas, currículos sumiram neste verdadeiro apagão. É um desmonte completo da nossa Educação. A ciência pede socorro!”, afirmou.

O site da agência abriga as plataformas Lattes e Carlos Chagas, essenciais para o gerenciamento da pesquisa científica no país por servirem de referência para pesquisadores de todas as universidades brasileiras, sejam elas públicas ou privadas.  

Fonte: Lideranças do PCdoB na Câmara dos Deputados