Evo Morales denuncia manobras golpistas da direita na Bolívia

O líder indígena e ex-presidente usou as redes sociais para denunciar manobras disfarçadas de civismo.

O ex-presidente boliviano Evo Morales denunciou nesta quarta-feira (4) que  a direita promove  em seu país manobras desestabilizadoras disfarçadas de ativismo cívico e exortou seus compatriotas a não cair em provocações.

“Mais uma vez, os golpistas anunciam mobilizações antidemocráticas contra o governo legítimo, legal e constitucional de nosso irmão presidente Lúcia Arce. Eles defendem os paramilitares e os chamam de “ativistas”. O povo não sucumbirá a provocações e defenderá a democracia”, escreveu Morales no Twitter.

Em seu comentário, o ex-presidente fez referência às manifestações que os partidos e outras organizações de direita estão promovendo nos próximos dias como um meio de pressão para forçar o governo a reabrir a investigação judicial conhecida como o caso de fraude eleitoral.

Este processo investigou a suposta fraude na contagem dos votos das eleições gerais de 2019, nas quais Morales foi reeleito no primeiro turno.

A missão de observação da Organização dos Estados Americanos emitiu um relatório baseado em dados incompletos sobre irregularidades no sistema automatizado de contagem, e sugeriu que o objetivo das irregularidades era beneficiar o primeiro presidente indígena na história do país sul-americano. O documento serviu de desculpa para a direita boliviana lançar o golpe de Estado que terminou com a renúncia forçada de Morales e a instalação de um governo inconstitucional liderado por Jeanine Áñez.

Avaliações posteriores do relatório da OEA concluíram que embora houvesse irregularidades no processo, elas não tinham peso suficiente para mudar a tendência de votação, o que sempre favoreceu Morales, descartando assim a narrativa da fraude e validando a tese de golpe de estado. A análise mais recente sobre o assunto, encomendada oficialmente pelo governo boliviano a um grupo de pesquisa da Universidade de Salamanca, Espanha, chegou à mesma conclusão, e o Ministério Público encerrou o caso.

Inconformadas com a decisão e com a volta das forças populares ao governo,  as organizações de direita e afins insistem em continuar com a investigação e anunciaram manifestações e bloqueios de estradas em diferentes partes do país andino-amazoniano nos próximos dias.

Fonte: Prensa Latina