A inflação de Bolsonaro: IPCA tem maior alta para o mês desde 2002

Alta foi de 0,96% em julho, maior até que o elevado índice já registrado em março (0,93%)

(Fotomontagem Eletron Energia)

O governo Jair Bolsonaro continua a deixar os brasileiros com menos poder de compra. A inflação em julho disparou 0,96%, conforme dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados nesta terça-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi a maior alta para o mês desde o início da série histórica, iniciada em 2002.

Puxada pela conta de luz, a inflação de julho também é a maior já registrada em 2021. O maior índice, até então, tinha sido o de março (0,93%). Segundo o IBGE, o IPCA (que corresponde à inflação oficial do País) subiu 4,76% no ano. No acumulado de 12 meses até julho, a inflação atingiu 8,99%, acima dos 8,35% observados em junho.

A meta oficial do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, com um intervalo de tolerância para mais ou para menos (de 2,25% para 5,25%). Segundo o Boletim Focus, porém, analistas do mercado financeiro esperam que o IPCA feche o ano em 6,88% – bem acima, portanto, do teto da meta.

Em julho, a inflação foi pressionada principalmente pelos preços da energia elétrica (7,88%), por conta do reajuste tarifário de 52% da bandeira vermelha patamar 2. Sem contar outros reajustes em São Paulo, Curitiba e em uma das concessionárias de Porto Alegre. Os preços de combustíveis e alimentos também aceleraram em relação a junho.

“Além dos reajustes nos preços das tarifas (de energia) em algumas áreas de abrangência do índice, a gente teve o reajuste de 52% no valor adicional da bandeira tarifária vermelha patamar 2 em todo o País”, explica André Filipe Guedes Almeida, analista da pesquisa. “Antes o acréscimo nessa bandeira era de, aproximadamente, R$ 6,24 a cada 100kWh consumidos e, a partir de julho, passou a ser de cerca de R$ 9,49.”

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, oito tiveram alta em julho.

Apenas o segmento “saúde e cuidados pessoais” apresentou resultado negativo, por conta da redução dos preços dos planos de saúde. Em julho, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) autorizou um reajuste negativo de -8,19% em função da menor utilização desses serviços durante a pandemia. “Foi o primeiro reajuste negativo autorizado pela ANS desde a sua criação. Esse reajuste é retroativo a maio de 2021 e vai até abril de 2022, a depender do aniversário de contrato dos beneficiários”, explica Almeida.

A maior variação foi do grupo de “habitação” (3,10%), justamente por conta da alta da conta de luz. A segunda maior veio dos “transportes” (1,52%), puxados pelas passagens aéreas, cujos preços subiram 35,22% depois da queda 5,57% em junho.

Os preços dos “combustíveis” (1,24%) também aceleraram em relação a junho (0,87%). A gasolina teve alta de 1,55%, depois do aumento de 0,69% no mês anterior. “Alimentos e bebidas”, com alta de 0,60%, também ficou acima do registrado em junho (0,43%). A alimentação no domicílio passou de 0,33% para 0,78% em julho, principalmente por causa das altas do tomate (18,65%), do frango em pedaços (4,28%), do leite longa vida (3,71%) e das carnes (0,77%).

Com informações do Poder360 e do Estadão