Ex-ministro destaca políticas que tornam Brasil potência paralímpica

Ricardo Leyser mostra como políticas públicas consistentes são importantes para consolidar a conquista de medalhas, para além do desempenho pessoal dos atletas

24.08.21 – Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 – Cerimônia de Abertura – Estádio Olímpico de Tókio Foto: Wander Roberto/CPB

O vice-presidente da Empresa Olímpica Municipal do Rio de Janeiro e ex-ministro do Esporte no governo Dilma, Ricardo Leyser Gonçalves, manifestou-se nas redes sociais pontuando os motivos políticos que tornam o Brasil uma potência paralímpica. Ele destaca a argumentação do jornalista Guilherme Costa, do Globo Esporte, defendendo que é preciso dar o devido peso ao contexto de política pública específica para os esportes paralímpicos.

“Como sabemos a imprensa tradicional pratica um tipo velado de censura que omite a participação dos governos, dos políticos e das políticas públicas e potencializa de forma artificial o esforço individual. As coisas acontecem como se fossem responsabilidade do acaso. Não é assim”, critica ele.

Nas últimas três edições dos Jogos Paralímpicos o país ficou entre os dez primeiros colocados do quadro de medalhas, e essa posição deve ser mantida no evento de Tóquio. O jornalista da Globo cita como justificativas a menor defasagem histórica com relação aos demais países, passando pela falta de apoio para pessoas com deficiência no Brasil, que acabam vendo no esporte a única saída, e chegando ao alto investimento, organização política e a criação do centro de treinamento de excelência em São Paulo.

Com origens na aprovação da Lei Agnelo Piva, em 2003, no início do Governo Lula, a política pública esportiva voltada ao esporte paralímpico foi um dos pilares da atuação do Ministério do Esporte, em especial com os ministros Agnelo Queiroz e Orlando Silva. A lei é a principal fonte de renda do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), pois uma parte do dinheiro das Loterias Federais chega à entidade. Já em 2004, o país entrou no top 15 do quadro de medalhas e, desde 2008, com a quantia de investimento já consolidada, a delegação não saiu mais do top 10.

Conforme salienta Leyser, os ministros seguiram uma orientação do presidente Lula, para tratar o esporte paralímpico no mesmo patamar do esporte olímpico. Qualquer iniciativa para o esporte olímpico deveria contemplar a vertente paralímpica.

“Um dos pontos chaves foi o Parapan Rio 2007, integralmente financiado pelo Governo Federal, em especial pelo Ministério do Esporte e pela Caixa Econômica Federal. A Prefeitura do Rio, o Governo do Estado, o Comitê Organizador e os patrocinadores privados pularam fora do evento”, informa ele.

Ele ainda revela que teve patrocinador do Pan Rio 2007, “que não quis associar sua marca a pessoas com deficiência. “Porque achava que isso ‘contaminaria’ seus produtos com atributos negativos. Vergonha completa. Mas dificilmente você verá uma crítica a patrocinadores dos meios de comunicação”, afirmou.

A exposição dos atletas cresceu ainda mais quando a troca dos direitos de TV possibilitou uma maior quantidade de horas transmitidas nas seguintes paralimpíadas.

Após a vitória do Brasil em Copenhague, ele pontua que o paralímpico ganha o apoio do Plano Brasil Medalhas, do Bolsa Pódio e demais programas de apoio aos atletas.

Ele lembra que é no contexto desse apoio, que o Ministério do Esporte pilotado por Aldo Rebelo, consegue reunir Dilma Rousseff e Geraldo Alckmin em torno da ideia de construir em São Paulo o Centro Paralímpico Brasileiro, construído em 2015, se tornando um dos maiores legados esportivos da Rio 2016.

Centro de treinamento paralímpico são paulo — Foto: Roberto Castro/Brasil2016.gov.br

“O Centro é uma referência mundial e, na minha opinião, é o equipamento multiesportivo mais bem administrado do Brasil, graças ao profissionalismo do Comitê Paralímpico do Brasil. Do ponto de vista esportivo é uma das vantagens competitivas que temos em relação ao país”, opina ele.

Os recursos para a gestão do centro foram previstos na ampliação dos recursos da loteria destinados ao esporte paralímpico quando da aprovação da Lei da Inclusão, em uma articulação do presidente do Comitê Paralímpico, Andrew Parsons, do presidente do CPB, Mizael Conrado, da presidenta Dilma e do deputado e ex-jogador Romário. “Ao contrário do que aconteceu com diversas modalidades, a Caixa (Econômica Federal) manteve o seu patrocínio ao CPB”, acrescentou.

24.08.21 – Petrucio Ferreira e Evelyn Oliveira porta bandeira na Cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos Tóquio 2020. Foto: Ale Cabral/CPB. @alecabral_ale
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