CPI ouve motoboy que sacou milhões e advogado amigo do líder de Bolsonaro

Ivanildo Gonçalves da Silva teria sacado, em diversos momentos, o total de R$ 4,7 milhões, a maior parte em espécie. De acordo com a CPI, a VTCLog pode estar “no centro dos escândalos de corrupção” no Ministério da Saúde

(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

A CPI da Covid volta a se reunir nesta semana para mais três depoimentos. Nesta terça-feira (31), o colegiado recebe o motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva, convocado por requerimento do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente. Silva é supostamente “intermediário em esquemas duvidosos da empresa VTCLog”.

Com remuneração de cerca de R$ 2 mil, ele parece ser responsável por 5% da movimentação feita pela empresa, responsável por transportar insumos, inclusive vacinas, para o Ministério da Saúde. O depoente, inicialmente, seria ouvido na quinta-feira, mas a oitiva foi antecipada em dois dias devido à sua importância, por pedido do relator, Renan Calheiros (MDB-AL).

Na quinta-feira (26), o próprio Randolfe pediu proteção e garantia de vida à Polícia Federal para o motoboy. O nome dele apareceu diversas vezes no Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) como sacador de quantias consideradas atípicas das contas da empresa. A empresa movimentou R$ 117 milhões nos últimos dois anos. O motoboy teria sacado, em diversos momentos, o total de R$ 4,7 milhões, a maior parte em espécie. Segundo o senador, a VTCLog pode estar  “no centro dos escândalos de corrupção” no Ministério.

Amigo de Ricardo Barros

Na quarta-feira (1°), a oitiva será do advogado Marcos Tolentino da Silva. A CPI tem fortes indícios de que ele é o “sócio oculto” e condutor dos negócios do FIB Bank. Tolentino é amigo do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). O FIB Bank é o famoso banco que não é banco e deu garantias em negociações de vacina contra a covid-19. A Precisa Medicamentos pagou à empresa R$ 350 mil antecipados em meio a negociações fraudulentas da vacina indiana Covaxin. Em processo movido contra o FIB Bank, a construtora GCI se refere a Tolentino como “articulador tarimbado e profissional de uma série de fraudes e golpes com a finalidade de lesar terceiros de boa fé em benefício próprio”.

Na quinta-feira (2), a comissão ouve o ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo Filho. Ele é investigado na Operação Falso Negativo, que apura fraudes envolvendo a compra de testes rápidos para detectar o coronavírus.

Recurso no STF

Na quinta-feira (26), a comissão recorreu da decisão da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), de junho, que vetou a convocação de nove governadores. Segundo o senador Humberto Costa (PT-PE), eles devem comparecer como testemunhas.

Fonte: Brasil de Fato com informações da Agência Senado