Polícia Federal investigará ataque a bancos em Araçatuba

Deputados criticam incentivo a milícias com desregulamentação do acesso a armas e defendem inteligência policial contra o crime organizado.

Ação criminosa em Araçatuba

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou, no fim da tarde desta segunda-feira (30) que a Polícia Federal (PF) investigará a ocorrência de ataques a bancos na cidade de Araçatuba no interior de São Paulo, ocorrida no início da madrugada de hoje.

Cerca de 380 policiais estão na região do município, no noroeste do estado, para localizar os criminosos que atacaram duas agências bancárias no centro da cidade. Com apoio de equipes de Bauru, São José do Rio Preto e Presidente Prudente, policiais militares e civis lotados em Araçatuba participam das diligências.

Uma equipe do Grupo de Ações Tática Especiais continua em operação no município para desarmar 16 explosivos em pontos diferentes – 12 haviam sido desativados até as 17h20 desta segunda-feira. Três pessoas foram mortas durante a ação dos bandidos e seis ficaram feridas, quatro em estado grave, segundo a Santa Casa de Araçatuba.

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) considerou assustadora a ação dos criminosos na cidade paulista. Assaltantes de bancos realizaram uma noite de horror, andando pelas ruas com armamento pesado, fazendo moradores reféns e deixando explosivos pelas ruas. Um morador de rua morreu ao mexer em um explosivo.

“Ações assim não são organizadas da noite para o dia. É preciso ação da inteligência das forças de segurança para desmantelar quadrilhas e interceptar as armas”, acredita ele, apoiando o envolvimento da PF. A violência, no entanto, aciona o reacionarismo de setores que querem responder com mais violência. Para esses, Orlando passou um recado: “E antes que algum bolsonarista venha dizer bobagem, se a população estivesse armada, teria acontecido uma carnificina”.

Já o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) avalia que a política armamentista do governo Bolsonaro facilita o acesso a armas pesadas por quadrilhas, como as que aterrorizaram Araçatuba nessa madrugada, e que atacaram Criciúma e Cametá em 2020.

Para ele, o Brasil precisa de uma política séria de combate ao tráfico de armas, “mas Bolsonaro está ampliando o acesso e destruindo os mecanismos de fiscalização e monitoramento, o que favorece desvios e beneficia o crime”.

“Esse libera geral armamentista é acompanhado da destruição dos instrumentos de fiscalização, controle e rastreamento, o que facilita desvios e dificulta a investigação desse tipo de crime. Na prática, Bolsonaro sabota o trabalho policial e aumenta a impunidade”, analisa Freixo.

Na opinião dele, quem ganha são as milícias, os traficantes de armas e drogas e quadrilhas como as que aterrorizaram Araçatuba. “É fácil entender essa dinâmica: a ampliação da oferta somada à destruição dos mecanismos de controle facilitam desvios que abastecem o mercado ilegal”.

conforme explica o parlamentar, o despejo de armas nesse mercado clandestino reduz os preços de armamentos e munições e faz com que as quadrilhas tenham acesso facilitado a armas pesadas, que antes tinham que ser buscadas fora do país a um custo mais alto ou serem desviadas das forças de segurança.

“Os próprios policiais, que Bolsonaro diz defender, são prejudicados por essas medidas, afinal mais armas pesadas estarão em circulação e serão usadas em confrontos com os agentes da segurança pública. Na prática, Bolsonaro retira da polícia o monopólio da força”.

Freixo vai mais longe ao evidenciar que a política do governo beneficia o crime organizado, no entanto, o principal objetivo seria formar milícias políticas “fortemente armadas” sob as ordens bolsonaristas para que elas sejam pontas de lança de seu projeto de poder golpista.

Polícia Militar

A Polícia Militar (PM) informou que pelo menos duas agências bancárias tiveram caixas danificados por ação de explosivos e que outras agências foram alvo de disparos de arma de fogo.

“Os infratores da lei usaram transeuntes que passavam no local como escudo humano para transitar a pé e com os veículos utilizados na ação criminosa e utilizaram drones para monitorar toda a ação, tanto na chegada ao perímetro urbano quanto na fuga para a zona rural. Foram deixados explosivos em pelo menos 14 pontos da cidade, incluindo um caminhão carregado com emulsão em frente a uma das agências atacadas”, informou a PM em nota divulgada à imprensa.

Durante a fuga, os veículos usados na ação foram deixados para trás com munição e armas de grosso calibre, como fuzis calibre .50 e 7.62, além de “miguelitos”, que são artefatos de metal utilizados para furar pneus de veículos.

Segunda a guarnição da PM em Araçatuba, ainda não há um número exato de suspeitos, “mas estima-se que a ação tenha contado com pelo menos 15 deles no centro da cidade”.

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