Grupo de direita usa PM para convocar ato do dia 7 em Minas

Governo do Estado e cooperativa de crédito desautorizam e condenam uso indevido de logomarcas de instituições

Foto reproduzida de redes sociais - Deputado Betão

O grupo direitista Raul Soares Patriota, que tem como lema “Deus, Pátria e Família”, usou indevidamente o nome da Polícia Militar de MG e de uma cooperativa de crédito em outdoor para convocar a população para um “ato cívico” no dia 7 de setembro. A peça foi instalada no centro da cidade de Raul Soares, na Zona da Mata de Minas, usando a logomarca da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) em apoio à manifestação, o que é proibido. 

Em nota, o governo Zema e a PMMG afirmaram que a manifestação é um direito constitucional, mas que pediram aos organizadores do ato que retirassem a logomarca, desautorizando, portanto, o uso da instituição. No ato, de caráter político, estão previstos desfile e hasteamento da bandeira do Brasil e execução do Hino Nacional.

“A respeito do outdoor sobre manifestação na cidade de Raul Soares, na Zona da Mata, a PMMG informa que não tem qualquer participação no referido evento e solicitou aos organizadores a retirada da logomarca da corporação da peça publicitária”, afirma a nota divulgada pelo governo de Minas.

O deputado estadual Betão (PT) afirmou que fez um requerimento cobrando explicações do comandante da Polícia Militar em Minas Gerais sobre a presença da logomarca da corporação no outdoor.

“Como é de conhecimento amplo, Bolsonaro e seus apoiadores têm convocado manifestações políticas anti-democráticas para essa data, com termos similares, e que em hipótese nenhuma deveriam envolver qualquer participação da instituição Polícia Militar. O governador, responsável pela atuação da PM, tem que responder diretamente sobre essa questão e prestar esclarecimentos a toda sociedade”, escreveu o deputado nas redes sociais. “Não podemos aceitar a tutela militar, seja ela exercida pelas forças armadas ou pelas forças policiais”, concluiu Betão.

O engajamento de policiais militares da ativa e da reserva nos atos convocados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o feriado de 7 de setembro passou a ser monitorado após o comandante da Polícia Militar de São Paulo, Aleksander Lacerda, publicar em suas redes sociais mensagens chamando para o ato e atacando o Supremo Tribunal Federal (STF). Lacerda acabou afastado do cargo pelo governador João Doria.

“Juntos nós mudaremos o destino de nosso Brasil. Cada vez mais a população se conscientiza dos seus direitos e de que é essa população que deve nos apontar realmente para onde devemos ir. Assim sendo, acho que chegou a hora de, no dia 7, nos tornarmos independentes pra valer e dizer que não aceitamos que uma ou outra pessoa em Brasília queira impor sua vontade. A vontade que vale é a vontade de todos vocês”, disse o presidente.

Sicoob

Em nota, o banco de crédito cooperativo Sicoob, cuja logomarca também aparece no outdoor, informou que uso do nome da instituição na peça publicitária não foi autorizado. “O Sicoob União, com sede em Raul Soares (MG), informa que não autorizou o uso de sua marca no referido outdoor veiculado na cidade. A instituição foi surpreendida e, assim que soube do caso na última semana, solicitou aos organizadores que retirassem sua logo da peça publicitária. A cooperativa reforça que não tem qualquer participação no evento.”

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