CPI da Covid acelera vacinação contra negacionismo do governo Bolsonaro

“Houve a desconstrução da narrativa sobre tratamento precoce que seria, no lugar da vacinação em massa, a política pública a ser seguida”, disse o relator Renan Calheiros

Marcos Tolentino da Silva chega ao Senado (Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado)

Em breve balanço, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, disse nesta terça-feira (14) que em quase cinco meses de funcionamento o colegiado trouxe resultados práticos que são reconhecidos pela sociedade brasileira e a comunidade internacional. Entre eles, a aceleração da vacinação no país contra a política negacionista do governo Bolsonaro.

No momento, o colegiado ouve o depoimento do advogado e empresário Marcos Tolentino da Silva. Dono da Rede Brasil de Televisão, ele é acusado de ser o dono “oculto” do FIB Bank, empresa que não é banco, mas deu aval para Precisa Medicamentos vender a vacina Covaxin ao Ministério da Saúde, considerada uma operação fraudulenta envolvendo um contrato de R$ 1,6 bilhão. Toletino negou que seja dono do banco e disse estar ainda enfrentando sequelas por conta da Covid-19.

O depoente é amigo do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), também alvo da CPI. De acordo com o depoimento do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), e seu irmão, Luís Fernando Miranda, servidor do Ministério da Saúde, Bolsonaro teria dito a eles que Barros era o responsável pelo “rolo” no esquema da venda de vacina

Avanços

De acordo com o relator, a CPI descontruiu a narrativa de Bolsonaro sobre a necessidade do tratamento precoce, ou seja, o uso de medicamentos sem comprovação científica para o combate à doença. “Houve a desconstrução da narrativa sobre tratamento precoce que seria, no lugar da vacinação em massa, a política pública a ser seguida”, disse o relator.

A CPI também jogou luz sobre as negociatas obscuras para a venda de vacina no Ministério da Saúde, obrigando a pasta a suspender contratos e demitir funcionários como o ex-diretor de Logística Roberto Dias, acusado de pedir US$ 1 de propina por vacina. Além de suspender os contratos, a comissão foi importante para que o governo fechasse um acordo para compra de 100 milhões de doses da vacina da Pfizer.

“Nunca é demais lembrar que se o governo tivesse aceito as ofertas da Pfizer, do Butantan e da OMS, nós já teríamos 170 milhões de vacinas, uma grande parte delas sendo aplicadas ainda no ano que passou, o que levaria o Brasil, a esta altura do campeonato, a ser um dos países que mais teria vacinado a sua população, o que lamentavelmente foi negligenciado”, disse Calheiros.

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