Bolsonaro submete Brasil a mais um vexame internacional
Único presidente do G20 sem vacina na ONU, Bolsonaro e comitiva comem pizza na rua, em Nova York. Como a própria diplomacia, extremista entra pela porta dos fundos de hotel para evitar protestos
Publicado 20/09/2021 16:13 | Editado 21/09/2021 11:19
A condição de pária internacional não é recente, veio sendo trabalhada pela diplomacia bolsonarista desde o início da gestão do trapalhão Ernesto Araújo à frente do Ministério das Relações Exteriores. Mas Bolsonaro faz questão de consolidar o isolamento brasileiro sempre que tem oportunidade. Neste domingo (19), o líder de extrema direita submeteu o país a mais uma humilhação internacional ao desembarcar com a comitiva brasileira em Nova York, onde participa da 76ª Assembleia-Geral da ONU, nesta terça-feira (21). Único líder do G20 sem vacinação e, portanto, desautorizado a entrar em restaurantes, Bolsonaro e sua trupe foram parar na rua, onde comeram uma fatia de pizza. Sem máscara e sem vacina, a comitiva também foi obrigada a entrar pelos fundos do hotel para evitar protestos.
O que seria mais um truque de marketing bolsonarista para seguidores fanáticos serviu para expor ao mundo mais uma vez a vergonha de um país cujo presidente carrega no colo o peso de quase 600 mil compatriotas mortos por uma doença que ele ajudou a disseminar. Como não poderia deixar de ser, na foto feita para as redes bolsonaristas pelo ministro do Turismo, Gilson Machado, aparece o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que se revelou um simples carregador de malas do chefe, uma espécie de “Pazuello de jaleco”.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) ironizou a situação: “Que maravilha começar a semana sem Bolsonaro no Palácio do Planalto. Pena que a crise apenas viajou para envergonhar o Brasil no exterior. Em breve estará sentado no banco dos réus, em Haia, sendo julgado por seus crimes.”
“Vexame não é comer pizza na rua, vexame é presidente de um país não tomar vacina”, reagiu a presidenta Nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). “Bolsonaro sabia que não entraria em restaurante por causa disso e foi para a rua para se exibir, enquanto parte do povo brasileiro passa fome, o que também é um grande vexame para o Brasil, país produtor de alimentos”, denunciou a deputada.
Bolsonaro, perigo público
Antes mesmo de chegar ao EUA, o negacionismo de Bolsonaro já havia provocado reações na comunidade científica internacional. O epidemiologista da Universidade de Harvard Eric Feigl-Ding, por exemplo, defendeu que Bolsonaro fosse impedido de discursar na Assembleia por infringir as leis da prefeitura de Nova York em relação a medidas sanitárias de controle da pandemia, como uso de máscara e apresentação de comprovante de vacinação.
“Os Estados Unidos deveriam repensar se devem admitir a entrada de Bolsonaro se ele deliberadamente pretende violar as leis do país”, sugeriu o especialista. “Se alguém mais tentar entrar nos Estados Unidos e declarar previamente seus planos de violar as leis americanas, não acho que seria admitido. É um perigo público”, alertou.
Fonte: PT Notícias com informações do DCM, BBC e Folha de S.Paulo