O sorriso de Bolsonaro, por Anderson Pereira

Mais uma vez, Bolsonaro revela sentir prazer com o sofrimento dos outros

Brasília amanheceu com um clima agradável na última segunda-feira (27). Havia chovido na semana anterior e a temperatura registrava, em média, 20 graus. No Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro falava sobre a inflação e os aumentos sucessivos nos preços dos combustíveis. Sorrindo, ele advertiu. “Nada não está tão ruim que não possa piorar”.

Há anos, o Brasil sofre com “desemprego recorde, fome, carestia, inflação, corrupção, retirada de direitos, desmonte dos serviços públicos e das estatais, ataques à democracia, à soberania e às liberdades, atropelo da ciência e desprezo à vida”. Difícil piorar.

Essa não é a primeira vez que o sádico Bolsonaro revela sentir prazer com o sofrimento dos outros. Durante o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, Bolsonaro citou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra para justificar o seu voto a favor do golpe contra a ex-presidenta.

Ustra foi um os torturadores de Dilma Rousseff durante a ditadura militar no Brasil, regime que durou entre os anos de 1964 e 1985.

Geisa Sfanini, de 32 anos, nasceu quatro anos após o fim do regime militar, em 1989. Naquele ano, ela não viu Fernando Collor de Melo ser eleito, com o seu discurso de combate à corrupção (o caçador de marajás), o primeiro presidente do Brasil pós-ditadura militar. 

Nesta segunda-feira (27), Geisa morreu com 90% do corpo queimado após tentar usar álcool combustível para cozinhar. Sem dinheiro para comprar óleo de cozinha, a jovem morava num cubículo alugado na cidade de Osasco (SP). A sua filha, de oito meses, que teve 18% do corpo queimado, sobreviveu.

O empresário Luciano Hang, conhecido como véio da Havan, que tem uma fortuna estimada em R$ 18 bilhões, esteve em Brasília nessa quarta-feira (29) para depor na CPI das Fake News.

Ele é acusado de integrar e patrocinar um gabinete paralelo de difusão de notícias falsas para beneficiar o presidente Jair Bolsonaro. Entre as mentiras veiculadas, a eficácia da Cloroquina no combate ao Covid-19.

Por uma daquelas tristes ironias do destino, a sua mãe morreu por Covid-19; mesmo sendo tratada com Cloroquina e outros remédios sem efeito comprovado. Assim como o presidente Jair Bolsonaro, Hang é negacionista (ambos não se vacinaram).

Até o momento, o Brasil registra quase 600 mil mortes por Covid-19.

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