Paulo Nogueira Batista Jr.: “Há indícios de irregularidades com offshore”

Para o ex-diretor do FMI, cabe investigação acerca das empresas de Paulo Guedes e Roberto Campos Neto no exterior.

O economista e ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Jr., considera que há indícios de que possa ter havido irregularidade, ilegalidade ou violação do código de conduta aplicado aos funcionários públicos por parte do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Segundo ele, cabe uma investigação acerca das empresas offshore das autoridades brasileiras, descobertas nos Pandora Papers.

“É muito importante que a opinião pública tenha a impressão pelo menos de que está sendo mantido o rigor da lei e do código de conduta dos funcionários públicos. Caso contrário vai permanecer mais uma vez a impressão inevitável de que o sistema social econômico e tributário brasileiro é opressivo para a população, para o povo, e permissivo para as elites, particularmente, para as elites financeiras”, afirmou Nogueira Batista Jr em vídeo.

O economista afirma que, nessa investigação, devem ser esclarecidas questões como: se o resultado dessas empresas offshore foi declarado à Receita Federal; se os rendimentos foram tributados quando necessário; e se há conflitos de interesse entre Guedes, Campos Neto e decisões que eles possam ter tomado e que afetaram a rentabilidade desses investimentos no exterior.  

Na opinião dele, é necessário responder a essas perguntas durante uma investigação para que se saiba qual o tipo de punição a ser aplicada, tais quais advertência e demissão. Em entrevista ao Portal Vermelho, ele lembrou que, nos Estados Unidos, quando alguém assume um cargo na administração pública é obrigado a segregar os seus investimentos por meio de um dispositivo chamado blind trust (confiança cega). No período em que estiver exercendo o cargo público, a autoridade delega a administração de seus ativos a um terceiro, com o qual fica impedida de se comunicar. “Agora nós descobrimos no Brasil que, como pessoa física, o ministro da Economia tem se beneficiado da apreciação cambial, que tem sido pesada para a população brasileira, em forma de inflação. É algo questionável do ponto de vista ético”, comparou.

Confira o vídeo.