600 mil: “Será um escândalo se Bolsonaro não for responsabilizado”
O médico e político Jamil Murad pontuou acusações graves que têm aparecido na CPI da Covid, revelando as responsabilidades do governo federal.
Publicado 08/10/2021 22:10 | Editado 12/10/2021 19:11
Como nefrologista, o ex-vereador Jamil Murad atende a populaç˜ão paulistana numa unidade de saúde pública na periferia norte de São Paulo, e testemunhou o desespero dos mais pobres chegando com falta de ar para o primeiro atendimento. Para ele, as provas da responsabilidade de Bolsonaro com as 600 mil mortes que se completaram nesta sexta-feira (8), são tão evidentes, que será um escândalo internacional se ele não for responsabilizado pela gestão desastrosa da pandemia.
Os 600 mil mortos de covid, para ele, são uma marca de uma tragédia que abateu todo o povo brasileiro. “Isso não teria tomado essa proporção, esse nível tão alto, se tivéssemos um governo responsável, minimamente digno do cargo que ocupa”, criticou ele em entrevista ao Vermelho.
Desde o inicio, na avaliação de Jamil, o governo n˜ao queria prejudicar a economia, e, por isso, aderiu a um caminho de negar que existia a pandemia, que havia um grau de mortalidade tão grande e que se precisasse gastar bilhões para proteger o povo.
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“Com isso, aproveitaram para montar um esquema de desvio de dinheiro, para se enriquecer e desviar fortunas com compras fraudulentas”, observou ele, sobre as investigações da CPI da Covid no Senado. Para ele, essa estratégia de não querer o isolamento social, que o comércio e a indústria não parassem, de funcionar tudo, para proteger a economia, “dizimava o povo e matou 600 mil pessoas, até hoje”. “Uma tragédia que vai ficar para a história da humanidade”.
“As provas da responsabilização dele [Bolsonaro] são tão grandes, claras e inegáveis, que será um escândalo se não for condenado”, afirmou o médico.
Outra questão lembrada pelo ex-parlamentar denunciada na CPI, foram os empresários que defendiam a mesma posição do presidente da República, começarem a negar o tratamento, ameaçar médicos se não aderissem ao kit covid, desligar aparelhos de pacientes que poderiam ser salvos. Ele lembrou o caso do paciente que as filhas não deixaram desligar o aparelho respiratório, continua vivo e é testemunha desse comportamento venal do plano de saúde, relatando na CPI o drama que viveu com a família.
“Outra coisa muito importante, é que o governo federal deveria coordenar com estados e municípios toda a ação para combater o vírus e dar assistência para as pessoas não morrerem. Como não fez isso, e delegou aos estados e municípios, isso prejudicou muito a assistência, por falta de oxigênio, por exemplo”, pontuou ele.
“Muita gente morreu por orientações absurdas”, disse ele, citando o modo como Bolsonaro confrontou a orientação correta de usar a máscara e o distanciamento social, aglomerando o povo contra o isolamento.
“Quanto ele ganhou com essas indústrias que vendiam cloroquina e ivermectina?”, indagou Jamil. Para ele, isso configura “crime grave”. “Ele não só deve perder o mandato, como deve sair de lá para um presídio, pois foi responsável pela morte de muita gente, manipulando o poder que tem como presidente”, indignou-se.