600 mil: O prejuízo da covid para a educação ainda é imensurável

A educadora e sindicalista Madalena Guasco apontou as graves consequências que ainda surgem com a evolução da pandemia entre professores, profissionais da educação, crianças e adolescentes.

A educadora e sindicalista Madalena Guasco aponta as perspectivas difíceis para a educação nos próximos meses de pandemia.

Chegamos a mais de 600 mil mortes por covid no Brasil. Para comentar os dilemas que surgiram nesse período, impondo enormes desafios para gestores, professores, alunos, pais, sindicatos, empresas educacionais, ensino público, pedagogia e tecnologia, o Vermelho conversou com a secretária-geral da Contee (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino), Madalena Guasco. Ela também é diretora da Faculdade de Educação da PUC-SP, Doutora em Filosofia e História de Educação pela PUC-SP e Pesquisadora em Políticas Públicas.

Ela ressalta que dados comparativos, pela média, revelam que o Brasil teve uma mortalidade muito superior à media mundial. Uma letalidade 4,6 vezes maior, o que significa que podíamos ter preservado 400 mil vidas. Para ela, esse prejuízo humano foi parte de uma política deliberada.

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“O negacionismo, a corrupção, o ataque a ciência e a valorização da economia, em detrimento da vida, de forma provocada e proposital, por um governo genocida e fascista, e por um grupo grande de comparsas, mostram que a covid teve uma ação deliberada que fez com que chegássemos a mais de 600 mil mortes”, afirmou.

Para ela, o prejuízo vai além das centenas de milhares de mortes. madalena mencionou estudos científicos que mostram que a covid deixa sequelas graves e permanentes, se caracterizando, cada vez mais, como uma doença autoimune.

“Na educação, nós temos também doentes entre professores estudantes e familiares e muitas mortes”, disse. Ela relatou que, neste ano, até 6 de outubro, tinham sido registrados 2.919 casos em 1.238 escolas estaduais com 108 óbitos. Na rede privada, até esta data, somente em 2021, foram 741 casos com 98 óbitos, sendo 10 estudantes.

A sindicalista também lamentou a evasão escolar como uma das maiores da história recente. São 5 milhões de crianças e jovens que, desde 2019, abandonaram a escola. “Uma evasão ocasionado por dificuldades financeiras, desemprego, caso de famílias destruídas pelos óbitos da covid e também pelo abandono tecnológico”, pontuou.

A professor não esqueceu de mencionar os estudos que mostram os graves impactos da covid na saúde mental de crianças e adolescentes. “Portanto, o impacto que a covid trouxe para a educação ainda não está totalmente mensurado, mas sabemos que é muito grave e de longo percurso”, concluiu.

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