CPI da Covid: relatório vai apontar 11 crimes de Bolsonaro, diz Renan

Segundo senador, presidente será um dos três personagens centrais do relatório, ao lado de Eduardo Pazuello e Élcio Franco

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que o parecer final da comissão vai apontar pelo menos 11 crimes cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia. Segundo Renan, o presidente será um dos três personagens centrais do relatório – os outros dois são o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e seu braço direito, coronel Élcio Franco.

“Eles tiveram participações comprovadas na materialização do que aconteceu no Brasil e no custo que se pagou com vidas”, explicou Renan. Ele não detalhou os crimes em que Bolsonaro será enquadrado, mas afirmou que “avança” entre os senadores a hipótese de usar para parte dos indiciados a figura do “homicídio comissivo”, ou seja, por omissão.

“Detalhadamente, ainda não temos [as tipificações de crimes cometidos por Bolsonaro]. A partir do dia 15 eu vou colher o ponto de vista de cada senador da CPI”, disse Renan. “Nós já temos a especificação de 11 crimes e vários agravantes. Mas não há ainda uma conclusão, porque antes de qualquer coisa eu vou ouvir os senadores.”

O relatório será apresentado em 19 de novembro e votado no dia seguinte. Conforme o relator, filhos do presidente devem estar entre os 40 indiciados pela CPI. Há indícios de que eles interferiram na negociação de vacinas e participaram de ações do gabinete paralelo e do caso Prevent Senior.

Entre os 40 indiciados, vai haver acusações de crime de responsabilidade, crimes comuns, crimes contra a saúde pública e contra a humanidade, informou Renan. Ele considerou os casos Prevent Senior e da falta de oxigênio hospitalar em Manaus como os exemplos mais chocantes do que apurou a CPI. Em ambos, Renan identificou “vinculação direta” com o Poder Executivo.

Questionado sobre o risco de o procurador-geral da República, Augusto Aras, não levar adiante as ações tomadas pela CPI, Renan respondeu: “Eu não acredito que o procurador-geral da República substitua tudo isso por um engavetamento”.

Com informações da Folha de S.Paulo e do Valor Econômico