Maurício Souza, do vôlei, é demitido do Minas por homofobia

Clube foi pressionado e acabou desistindo do jogador devido às suas postagens nas redes sociais

Após postagens polêmicas, central do Minas deixa o clube - Divulgação MTC

Após sofrer pressão dos patrocinadores e diante da repercussão do caso, o Minas Tênis Clube, de Belo Horizonte, decidiu, na tarde desta quarta-feira (27), demitir o central Maurício Souza de seu time de vôlei. A decisão foi tomada por causa de postagens de teor homofóbico realizadas pelo atleta. Na última delas, o central criticava o Superman bissexual da DC Comics.

A postagem polêmica do jogador aconteceu no último dia 12, Dia das Crianças. Maurício criticava o anúncio da DC Comics de que o novo Superman, Jon Kent, é bissexual. “Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar”, ironizou, com a imagem divulgada pela editora norte-americana do herói beijando um rapaz. O caso repercutiu em todo o país, envolvendo esportistas e opinião pública.  Bolsonarista, o atleta ainda reclamou da decisão da TV Globo de usar pronome neutro nas novelas relativo a pessoas que preferem não se identificar com um gênero específico.

A Fiat e a Gerdau, que patrocinam o time de vôlei exigiram uma postura mais dura do clube em torno de suas insistentes postagens homofóbicas. Agora, a demissão é a quarta mudança de postura em 24 horas do elitizado clube mineiro. Inicialmente, na noite de segunda-feira 25), o Minas defendeu o direito de o jogador manifestar sua opinião nas redes sociais, mesmo que fossem nitidamente homofóbicas. Posteriormente, o clube suspendeu o jogador, após os patrocinadores exigirem “medidas cabíveis”.

Na noite dessa terça, Maurício Souza usou uma conta do Twitter com poucos seguidores (51 na hora da publicação) para pedir desculpas pelas declarações homofóbicas feitas. As postagens anteriores, que tiveram grande repercussão, foram feitas pelo Instagram, onde o atleta tem cerca de 300 mil seguidores. Porém, ele não se mostrava arrependido.

Além da demissão do clube em que atuava, Maurício não poderá mais defender o Brasil. O técnico Renan Dal Zotto fechou as portas da Seleção Brasileira de vôlei para o bolsonarista homofóbico. “A Seleção Brasileira não tem lugar para homofóbicos”, adiantou.

Reincidente

Como lembra o repórter Daniel Ottoni, do jornal O Tempo, as recentes postagens homofóbicas do central Maurício Souza não foram as primeiras com teor desrespeitoso e agressivo contra a comunidade LGBTQIA+. Em 2017, por exemplo, quando defendia o extinto Sesc (RJ), Maurício escreveu nas redes sociais que ‘era do tempo em que fumar era bonito e dar a bunda era feio. Hoje, fumar é feito e dar a bunda é bonito. Sorte minha ser velho’.

“A publicação gerou muitos incômodos, inclusive dentro do time, que chegou a chamar atenção do jogador, que parece não ter aprendido a lição de guardar para si algumas opiniões ofensivas. Na época, Maurício chegou a apagar a postagem, situação diferente de agora”, lembra o repórter.

Já em 2014, no Facebook, o jogador criticou cenas de amor entre pessoas do mesmo sexo na novela “Em Família”, da Rede Globo: “Essa galera das novelas que querem mostrar e colocar na cabeça dos brasileiros que trair a mulher, ser gay entre outras coisas é normal e que é legar ser essas coisas. Não sou preconceituoso, longe disso, mas prefiro que meu filho não veja esse tipo de coisa e saiba que ter uma mulher, construir uma família, e ter valores é o certo. Foi o que meu pai me ensinou é assim que tem que ser. Fica esperto e não deixe seus filhos verem essas coisas”, afirmou o atleta. Na época, Maurício pediu desculpas a quem se ofendera, situação similar com a de agora.