Mais um apagão de dados. Empregos criados em 2020 eram fake news
Caged revisa dados e número de vagas criadas em 2020 recua de 142.690 para 75,9 mil
Publicado 03/11/2021 19:25 | Editado 04/11/2021 10:31
Têm sido frequentes os problemas com a divulgação de dados fundamentais do Governo Federal para a definição de políticas públicas. Os dados da pandemia que ajudam especialistas e gestores públicos a antecipar protocolos e políticas para o combate à covid-19 em estados e municípios sofreram vários apagões ou irregularidades técnicas que colocaram as estatísticas sob suspeita. Agora é a vez da taxa de empregos e desempregos.
A revisão de dados de demissões fez o saldo de criação de empregos formais no Brasil cair pela metade em 2020. Pelas novas estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram abertas 75.883 vagas no ano passado, queda de 46,8% em relação ao dado anterior de 142.690 vagas. O ministro da Economia, Paulo Guedes, comemorou, à época, a suposta geração de empregos em plena explosão da pandemia e lockdowns.
É preciso mencionar, também, que, em março de 2020, pouco depois do início da pandemia de covid-19, o Ministério da Economia, na época responsável pelo eSocial e o Caged, suspendeu a divulgação das estatísticas por dois meses, alegando problemas técnicos. Os números só voltaram a ser apresentados no fim de maio de 2020.
Especialistas dizem que a cada alteração da metodologia de registro no Caged, como ocorreu em março de 2020, fica mais complicado ou impossibilita a comparação com dados de anos (e governos) anteriores. Naquele apagão da Caged, a nova metodologia passou a incluir trabalhadores temporários e bolsistas, o que também representa uma “pedalada” nos dados de empregos.
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O indicador da Caged mede a diferença entre contratações e dispensas com carteira assinada. Inicialmente, o Caged apontava que haviam ocorrido 15.166.221 admissões e 15.023.531 desligamentos no ano passado. Com as revisões, o número de contratações subiu 1,8%, para 15.361.234. As demissões aumentaram 2,2%, para 15.437.117.
Responsável pelo Caged desde a recriação da pasta, em julho, o Ministério do Trabalho e Previdência atribuiu a redução do saldo ao envio de declarações fora do prazo, em meio ao início da pandemia de covid-19 e a adaptação para o novo modelo de declaração eletrônica.
Lembram dos números do Caged de 2020, mágica pela qual o governo comemorava saldo de 142 mil empregos no ano? Então, era SIMPLESMENTE MENTIRA!
Bolsonaro e Guedes mentem!
✍ https://t.co/pd2fxexarE pic.twitter.com/7T0x2r1tiF— PCdoB ?? (@PCdoB_Oficial) November 3, 2021
Esse governo vive de mentiras! Número de empregos criados em 2020 caiu pela metade após uma revisão feita pelo Caged. É mole? A equipe de Bolsonaro não tem competência para governar e precisa lançar fakenews para tentar continuar no poder https://t.co/43z4Yxnlbp
— Carlos Zarattini (@CarlosZarattini) November 3, 2021
Governo manipulou dados para mentir sobre geração de empregos
Saldo do Caged no ano passado cai de 142.690 para 75.883 vagas abertas. Revisão até dezembro pode reduzir ainda mais o número. Novo método de cálculo é enganoso pic.twitter.com/1JGEfB8Ffx— WALTER EUGENIO ROZADILLA (@WRozadilla) November 3, 2021
Novo eSocial
Até 2019, as contratações e as demissões eram informadas manualmente. Em janeiro de 2020, o processo passou a ser realizado de forma eletrônica, por meio da Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial).
Quando houve a suspensão das estatísticas em março de 2020, o Ministério da Economia, na ocasião, alegou que, durante o processo de adaptação ao novo sistema, diversas declarações de demissões foram preenchidas de forma errada e que o processo de retificação foi comprometido pela pandemia.
Até aquele momento, apenas os dados do Caged de dezembro de 2019 haviam sido divulgados. Os números só voltaram a ser apresentados no fim de maio de 2020, com os dados de janeiro a abril do mesmo ano.
Justificativa
Em nota, o Ministério do Trabalho e Previdência, informou que, mesmo com a revisão dos dados, 2020 continuou a registrar criação de empregos formais. “Ressaltamos que, mesmo com a mencionada revisão, o saldo do Caged de 2020 se mantém positivo, em que pese o pior momento da pandemia da covid-19”, destacou a pasta. Segundo o ministério, o prazo para ajustes dos dados do ano passado acaba no fim de 2021.
“A entrada de dados fora do prazo acontece quando as empresas declaram as informações de admissão e demissão após a competência em que a movimentação se realizou. A possibilidade de realizar esse tipo de declaração já existia no antigo Caged, havendo uma ocorrência um pouco maior neste momento devido ao processo de transição para a declaração via eSocial, que ocorreu para um número significativo de empresas ao longo de 2021”, acrescentou o Ministério do Trabalho e Previdência.
Com informações da Agência Brasil.