Senadores acusarão Bolsonaro na COP26 pela paralisação do Fundo Amazônia

A Comissão do Meio Ambiente do Senado aprovou um relatório no qual responsabiliza o presidente pelo desmantelamento de projetos do Fundo

Area de desmatamento e queimada e vista as margens da rodovia BR 230 no municipio de Apui, Amazonas. Foto: Bruno Kelly/Amazonia Real.

Senadores vão denunciar Bolsonaro na COP26 (Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas) pela paralisação do Fundo da Amazônia que doou R$ 3,4 bilhões ao país para projetos de desenvolvimento sustentável na região. A Comissão do Meio Ambiente do Senado aprovou um relatório no qual responsabiliza o presidente pelo desmantelamento do Fundo.

O documento foi traduzido e será entregue na Conferência, que acontece em Glasgow, na Escócia. Criado em 2008, o Fundo recebeu doações bilionárias de países como a Noruega e Alemanha.

Trata-se de financiamentos a projetos destinados à prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no Bioma Amazônia, bem como de redução de emissões certificadas de Gases de Efeito Estufa (GEE).

No primeiro ano do governo Bolsonaro, o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, alegou irregularidades nos projetos e retirou representantes da sociedade do comitê orientador do fundo. Responsável por 90% das doações, a Noruega discordou das ações do governo e congelou a liberação dos recursos.

“No período de 2019 a 2021, foram observados a descontinuidade das políticas climáticas e de prevenção e controle do desmatamento, o desmantelamento de estruturas institucionais participativas e a interrupção do fomento de projetos pelo Fundo Amazônia”, criticou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).

A senadora foi a responsável em apresentar na comissão o “Relatório de Avaliação das Políticas Climáticas e de Prevenção e o Controle do Desmatamento no Período de 2019-2021”. “Pelo brilhantismo, o relatório da senadora Eliziane Gama deve ser traduzido em inglês, e nós poderíamos apresentar esse relatório, disponibilizar para os integrantes lá da COP26 como um serviço”, propôs na ocasião o senador Fabiano Contarato (Rede-ES).

Reativação

No documento está a recomendação ao governo federal para reativar o Fundo Amazônia, definindo diretrizes e estrutura de governança de comum acordo com seus principais doadores: Noruega, Alemanha e Petrobras.

O relatório destaca ainda o ano de 2004 como o auge do Brasil na política ambiental. Naquele ano, o país conseguiu reduzir o desmatamento anual de 27,8 mil quilômetros quadrados para 4,6 mil quilômetros quadrados em 2012, uma redução de 83,4%.

“O êxito na condução da política de prevenção e controle do desmatamento, reconhecido nacional e internacionalmente, posicionou o Brasil como protagonista no âmbito das negociações globais sobre clima, atraiu recursos que permitiram a criação do Fundo Amazônia”, diz o relatório.

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