Governo Bolsonaro quer calar estudantes com censura no Enem, acusa Ubes

A declaração de Bolsonaro sobre as questões terem a “cara de seu governo” foi recebida com preocupação pelos estudantes

Estudantes chegam para fazer a prova do Enem em Belém (PA) - Foto: Ricardo Amanajás/Agência Pará

Em nota, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) criticou a censura de 20 questões de cunho social e socioeconômico do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), conforme denúncia feita no programa Fantástico da Rede Globo. A declaração de Bolsonaro sobre as questões terem a “cara de seu governo” foi recebida com preocupação pelos estudantes.

“A verdade é que se pensarmos bem, já temos um Enem com a cara desse governo. Enem com o menor número de inscritos em 13 anos, Enem mais branco da história, inúmeros problemas no site, falta de responsabilidade com as informações, demissão em massa (…) E por aí vai. Desastre!”, reagiu a presidente da Ubes, Rozana Barroso.

De acordo com a entidade, a declaração acontece depois de uma semana preocupante para a educação e a realização da prova: 37 funcionários do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) pediram exoneração poucos dias antes do exame, que tem sua primeira etapa marcada para este domingo (21).  

A Ubes diz que a situação ficou mais crítica após a veiculação da reportagem do programa na qual funcionários da entidade denunciaram a censura em questões. “Nós, estudantes, sabemos que a intenção de censurar tem dois motivos claros: enfraquecer o Inep, e evitar os debates do seu próprio governo. É uma maneira de nos calar. Mas não conseguirão! Defender o Enem e o Inep é nossa missão”, advertiu.

A entidade lembrou que o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse recentemente que iria avaliar perguntas para a prova, voltando atrás de sua declaração poucos dias depois. Porém, com a fala de Bolsonaro, ficou mais difícil esconder a real intenção deste governo. “Ora presidente, estudante não é bobo! A influência do MEC e do próprio governo no Inep, que é um órgão de carreira, é muito mais que a questão ideológica e sabemos disso.”

“O Enem de 2021 comprova o processo do governo: com menos inscritos em 13 anos, além de ser o mais branco da história. Sucatear a porta de entrada da universidade é de uma perversidade só possível no Governo Bolsonaro. Não vamos permitir. Sabemos que a única maneira de salvar o futuro de milhares de jovens é pela defesa do Enem!”, conclui a nota.

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