TCU investigará governo Bolsonaro por interferência nas provas do Enem

Por determinação de Bolsonaro, estaria havendo mudança no conteúdo dos exames como a troca do termo “ditadura militar” por “regime militar”, e “golpe de 1964” por “revolução de 1964”.

Estudantes chegam ao Centro Universitário do Distrito Federal, para o segundo dia de prova do Enem 2020 (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O Tribunal de Contas da União (TCU) acatou um pedido de parlamentares da oposição para investigar as interferências do governo Bolsonaro nas provas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Por determinação do presidente, estaria havendo mudança no conteúdo dos exames como a troca do termo “ditadura militar” por “regime militar”, e “golpe de 1964” por “revolução de 1964”.

Os parlamentares pedem para o TCU que investigue todos gestores, sobretudo o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Danilo Dupas, que pode ter cometido improbidade administrativa.

De acordo com eles, o Inep é a autarquia responsável pela realização do Enem e passa por um desmonte com o pedido de demissão de 37 servidores que afirmam estar sofrendo pressão psicológica na formulação das provas de 2021, além de mencionarem episódios de assédio moral e fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do órgão.

No pedido, os deputados relataram que funcionários denunciaram no programa Fantástico, da Rede Globo, tentativas de interferência no conteúdo da prova para evitar questões que desagradem o governo. Também citam a afirmação de Bolsonaro segundo qual questões do Enem “começam agora a ter a cara do governo”. O ministro da Educação, Milton Ribeiro, havia alegado que queria ter acesso antecipado às questões para evitar o que chamou de “cunho ideológico.”

O líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros (PE), considerou chocante o relato dos servidores. “Segundo eles, para fiscalizar o conteúdo do Enem, o governo Bolsonaro usa artifícios como antecipar a impressão das provas, que passam por mais pessoas. Pessoal não qualificado também teria tido acesso ao local de preparo das provas. Funcionários do Inep denunciaram que pelo menos 24 ‘questões sensíveis’ foram retiradas da prova. Destas, 13 teriam sido reinseridas porque geraram desequilíbrio no grau de dificuldade do exame”, relatou o deputado.

“ESCÂNDALO!!! Bolsonaro exigiu que servidores trocassem o termo ‘Golpe de 1964’ por “revolução” em questão do Enem. Essa tentativa ilegal de reescrever a história não cola. Nosso povo tem ódio da ditadura e aprendeu a valorizar a democracia. Ditadura nunca mais! #ForaBolsonaro”, escreveu o vice-líder da legenda Orlando Silva (SP).

O líder da Minoria, Marcelo Freixo (PSB-RJ), diz que o objetivo da ação é investigar Danilo Dupas e garantir a segurança da realização do Enem. “Queremos proteger o exame educacional mais importante do país dos ataques do governo Bolsonaro”, disse.

“Bolsonaro pediu que Enem trocasse ‘Golpe de 1964’ por ‘revolução’ em questões. De fato, essa é a ‘cara do governo’: NEGACIONISTA. Mas não adianta! Nós, professores, temos um compromisso com a história, e não deixaremos que ela seja apagada. Ditadura nunca mais!”, postou no Twitter o líder da Oposição, Alessandro Molon.

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