Ato contra venda de refinaria dá continuidade à luta pela Petrobras

Avaliada entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões, a RLAM foi vendida pela gestão bolsonarista da Petrobras por US$ 1,8 bilhão para o fundo de investimentos dos Emirados Árabes, Mubadala

(Foto: Sindidpetro Paraná/Santa Catarina)

Representações sindicais dos petroleiros de todo o país fizeram nesta sexta-feira (3) um ato nacional contra a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, em protesto contra a privatização da unidade, entregue pela metade do preço junto com terminais e outros ativos de logística da Petrobras no estado. O ato reuniu diversas entidades sindicais da Bahia, além de movimentos sociais e liderança políticas que, junto com a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos, vêm denunciando o processo escandaloso de desmonte do Sistema Petrobrás, que foi acelerado e intensificado no governo Bolsonaro.

O ato na RLAM foi organizado conjuntamente com o SITICCAN (Sindicato dos Trabalhadores na Industria da Construção Civil, Montagem e Manutenção), que representa os trabalhadores terceirizados que atuam na refinaria. Foram realizadas mobilizações em outras refinarias e unidades do Sistema Petrobras, em um recado para a gestão da Mubadala de que os trabalhadores da RLAM têm uma organização sindical forte e coesa, que não medirá esforços para defender os direitos dos empregados da refinaria.

Estado de greve

Em reunião na terça (30), o Conselho Deliberativo da FUP aprovou um calendário de ações contra as privatizações no Sistema Petrobras, como assembleias para avaliar o indicativo de Estado de Greve Nacional, caso o governo Bolsonaro leve adiante a ameaça de apresentação de um projeto de lei para privatização da Petrobras. Outra ação aprovada pelos sindicatos da FUP é a ampliação da atuação da Brigada Petroleira em Brasília, nos estados e municípios para construir apoios da sociedade civil à luta para que o Supremo Tribunal Federal julgue as ações de inconstitucionalidade das privatizações que estão sendo feitas sem o aval do Poder Legislativo.

Venda lesiva

Avaliada entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões, a RLAM foi vendida pela gestão bolsonarista da Petrobras por US$ 1,8 bilhão para o fundo de investimentos dos Emirados Árabes, Mubadala. A conclusão da venda foi anunciada pela direção da estatal na noite de terça-feira, 30/11. O fundo árabe criou a empresa Acelan, que ficará responsável pela administração da refinaria baiana, que deixa um passivo ambiental não quantificado.

Em nota, o Sindipetro Bahia alertou que, “além do prejuízo financeiro para a nação, a venda da RLAM trará um futuro nada promissor não só para a Bahia e o Nordeste, mas para todo o Brasil”.

Junto com refinaria, a Petrobras entrega de brinde um potencial mercado consumidor não só da Bahia, mas de boa parte do Nordeste, além de 669 quilômetros de oleodutos, que ligam a refinaria ao Complexo Petroquímico de Camaçari e ao Terminal de Madre de Deus, que também estão sendo vendidos no pacote que inclui ainda outros três terminais da Bahia (Candeias, Jequié e Itabuna).

A RLAM foi a primeira refinaria a integrar o Sistema Petrobras e é atualmente a segunda maior do país em capacidade de processamento. Entrou em atividade em 1950, antes mesmo da criação da Petrobras, dando início a um ciclo impulsionador da indústria regional nacional, com a criação da estatal, em 1953. A RLAM foi fundamental para o desenvolvimento do primeiro complexo petroquímico planejado do país e maior complexo industrial do Hemisfério Sul, o Polo Petroquímico de Camaçari, instalado na Bahia em 1978.

Fonte: FUP