Personalidades questionam governo negacionista por ataque hacker ao ConecteSUS

No momento em que mais se discute a necessidade de um passaporte vacinal para controlar a disseminação da variante ômicron, o sistema do governo é mais uma vez atacado sem qualquer manifestação concreta de Bolsonaro e Queiroga de proteger os dados.

Ataque hacker ao sistema do Ministério da Saúde

Personalidades da política e da ciência estão questionando o ataque hacker aos sites do Ministério da Saúde e do ConecteSUS, que estão fora do ar desde a madrugada. O sumiço dos dados de vacinação dos brasileiros é tratado como auto-sabotagem do governo, já que Bolsonaro e seus ministros são contrários à utilização dos dados vacinais como meio de controlar a disseminação do vírus e suas variantes.

Nas primeiras horas do dia, uma mensagem deixada pelo grupo invasor dizia “você sofreu um ransomware” e “50 TB de dados foram copiados e excluídos”. O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), por exemplo, observou que o ataque ocorre justamente no momento em que se discute a necessidade do passaporte vacinal para o controle da variante ômicron. A ideia é exigir que somente pessoas completamente vacinadas possam frequentar espaços públicos de aglomeração, assim como entrar no país.

O biólogo e divulgador científico Atila Iamarino comentou sobre o ataque e destacou que os sites saíram do ar justamente em meio ao impasse entre a o governo de São Paulo, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o governo federal para a cobrança de passaporte vacinal para a entrada de viajantes no país.

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou o governador de São Paulo e adversário político, João Doria (PSDB), e reafirmou a sua contrariedade quanto à exigência de passaporte da vacina contra a covid-19 para entrada no Brasil. Doria chegou a ameaçar impor medidas sanitárias nos aeroportos caso o Governo Federal não reaja ao risco da entrada da variante ômicron.

Até a ex-bolsonarista, deputada federal Joice Hasselmann (PSDB-SP), questionou a falta de interesse do governo Bosonaro em proteger os dados privados do governo. Ela declarou serem muitas “ocorrências” de problemas envolvendo os sites e plataformas sem que o ministro Marcelo Queiroga anuncie qualquer medida para aumentar a segurança das plataformas depois de tantos ataques.

Personalidades de oposição têm seus dados fraudados no sistema com muita facilidade sem qualquer atenção do governo. É o caso da ex-candidata à vice-presidência Manuela D’Ávila (PCdoB) que já havia denunciado que sua carteira de vacinação foi adulterada no sistema do Ministério da Saúde. Segundo Manuela, os dados sobre as vacinas que já recebeu foram apagados, depois dela já ter sido considerada morta pelo sistema sanitário.

Resposta do Ministério

O Ministério da Saúde criou um hotsite para orientar brasileiros que precisem comprovar as a vacinação contra a covid-19. No endereço é possível obter todas as informações necessárias para comprovar a vacinação até que os sistemas do Ministério da Saúde sejam restabelecidos. 

O secretário executivo do Ministério da Saúde (MS), Rodrigo Cruz, adiantou as possibilidades de comprovação da imunização: a versão física do cartão de vacinação, que continua válida; a segunda via do cartão, que pode ser solicitada na unidade de saúde onde foi realizada a vacinação; município que têm base própria podem emitir certificados (no hotsite estão listados quais estados tem esse sistema). Por fim, o secretário executivo adiantou que o Ministério das Relações Exteriores (MRE) enviará aos países que solicitam o certificado pedido para que aceitem o cartão de vacinação.

Rodrigo Cruz lembrou que a portaria com regras para ingresso no Brasil, que estabelecia apresentação do certificado de vacinação e quarentena, está adiada por uma semana. “Para não prejudicar o brasileiro que está no exterior a gente decidiu postergar a portaria”, disse. Segundo ele, podem haver brasileiros ou estrangeiros residentes no Brasil que estão no exterior e não baixaram o certificado.

O secretário executivo reiterou que as investigações estão sendo conduzidas pela Polícia Federal (PF) e pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e que o governo realiza o backup dos dados de vacinação. Ainda não há estimativa de quando o sistema vai voltar a funcionar.

Veja abaixo as manifestações nas redes sociais:

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