Orlando Silva defende convocação do NSO Group por comissão

Desenvolvido pela companhia, malware Pegasus vem sendo utilizado para perseguir jornalistas e ativistas de direitos humanos em todo o mundo.

O grupo de trabalho da Câmara que analisou as propostas concluiu a apreciação do texto na terça-feira, 7/12, e a expectativa do relator, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), é que o Projeto de Lei (`PL) 2.630/2020, que trata do combate às fake news, possa ser votado em plenário em regime de urgência ainda neste ano, se houver acordo.

De acordo com informações da Rede Brasil Atual (RBA), o Intervozes, que atua na defesa dos direitos digitais, comemorou a inclusão de regras na versão final, como a fixação de limites à viralização nos serviços de mensagem privada – WhatsApp, Facebook e Instagram, por exemplo. O grupo de trabalho também retirou a rastreabilidade das mensagens, prevendo monitoramento apenas das interações de usuários suspeitos após ordem judicial, o que, segundo especialistas, pode reduzir a circulação de conteúdos ilícitos, discursos de ódio e desinformação sem violar direitos como a proteção de dados, que ocorria nas versões anteriores. 

Também houve avanço no PL ao apostar em regras de transparência na divulgação de conteúdos pela internet. “Entre os principais pontos, as redes sociais terão que gerar relatórios sobre as medidas adotadas para prevenção de disseminação de fake news. Assim como justificar as remoções de conteúdos para os usuários e apresentar os critérios, metodologias e métricas de alcance de postagens patrocinadas. De acordo com a matéria, as empresas que infringirem as regras ficam sujeitas a advertências e multas de até 10% do faturamento”, destaca a RBA. 

Em entrevista a Marilu Cabañas, do Jornal Brasil Atual, Orlando Silva esclareceu dispositivos como o que estabelece que a “imunidade parlamentar material estende-se às plataformas”. “A imunidade parlamentar não é barreira nem escudo para crime e nem para o criminoso. Por isso que mesmo existindo a imunidade parlamentar, tem deputados processados no Supremo (Tribunal Federal), presos. Porque a imunidade não serve para ocultar crime e nem criminoso. E as redes sociais fazem parte da vida social. Nessa lei (de combate às fake news), por exemplo, falamos da liberdade de expressão, que está na Constituição também, é uma das garantias fixadas. Mas repetimos o teor da lei ordinária para fazer a devida conexão dos textos”, argumenta. 

O relator da proposta defendeu a urgência na tramitação do PL diante da “preocupação do que se avizinha na eleição de 2022”. De acordo com Orlando Silva, o Brasil precisar avançar na legislação sobre o tema para “dar instrumentos à Justiça para impedir que haja mais abusos como houve em outros momentos”. 

O espião Pegasus

Na entrevista, o deputado anunciou que pautará ainda nesta semana na Comissão Mista de Controle da Atividades de Inteligência do Congresso o pedido para que sejam convocados com urgência representantes da empresa israelense NSO Group, responsável pelo malware Pegasus.

O programa, desenvolvido pela companhia, vem sendo utilizado para perseguir jornalistas e ativistas de direitos humanos em todo o mundo. No Brasil, o fundador e presidente da SaferNet Brasil, Thiago Tavares, teve de deixar o país, há uma semana, ap´´os sofrer ameaças e ter seu computador invadido pelo programa espião.

A Safernet é uma organização de direitos humanos conhecida por sua atuação no combate à pedofilia on-line. E vinha trabalhando na captura de um dos maiores pedófilos do mundo, além de também trabalhar no combate à desinformação nas eleições.

“Não é razoável que alguém possa atuar, ganhar dinheiro aqui e ignorar solenemente a lei do Brasil. isso tem impacto inclusive no processo eleitoral. (…) São seis parlamentares da Câmara e cinco do Senado que acompanham as atividades de inteligência (na Comissão). Vou pautar esse tema porque isso é muito grave. Hoje é o Thiago Tavares, amanhã pode ser qualquer um de nós”, observa o deputado do PCdoB. 

Com informações da Rede Brasil Atual