Lula defende educação, ciência e tecnologia como base para o desenvolvimento

Além de apontar um caminho sólido e inclusivo para o desenvolvimento nacional e de se opor radicalmente a uma política de desmonte da educação, da ciência e da tecnologia, Lula, em seu artigo, faz um aceno diplomático à China. É mais um sinal de uma postura contrária a de Bolsonaro que trabalhou para destruir a importante relação que há entre os dois países.

Foto: Ricardo Stuckert

Em artigo publicado na seção Tendências de Debates, da Folha de SP, desta terça (4), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Machado Rezende, defendem a educação e o investimento em ciência e tecnologia como um dos pilares para a geração de empregos melhores, com maior remuneração, para um desenvolvimento econômico “mais equânime” e para tornar as empresas globalmente mais competitivas, aumentando a riqueza e fortalecendo a soberania das nações.

Como exemplo os autores citaram o modelo chinês de desenvolvimento. “Na virada do século, o país investia US$ 40 bilhões em C&T, enquanto os investimentos nos Estados Unidos eram de US$ 300 bilhões. A China implantou uma política de Estado para desenvolver a ciência, no âmbito de um superministério, e hoje investe mais de US$ 400 bilhões em C&T. Não foi por acaso que, como noticiado pela Folha em 26 de dezembro, a produção científica chinesa em 2021 ultrapassou a norte-americana, que há décadas tem sido a maior do mundo”, diz o texto.

Os dados corroboram a perspectiva apontada pelo relatório anual publicado pelo Centro britânico de Pesquisa para Economia e Negócios (CEBR) e divulgado pela CNN Brasil dia 26/12/2021. Segundo Fernando Nakagawa, da CNN “o país asiático está próximo de tomar dos EUA o posto de maior potência econômica global” e deve passar os EUA, tornando-se a maior economia do mundo em 2030.

A mesma matéria mostra que, na contramão de EUA e China, que disputam a liderança na economia global, o Brasil permanecerá como 11ª maior economia do mundo em 2022. “Além dos problemas nas cadeias de produção e altos preços da energia, a fraqueza da moeda do Brasil é um fator adicional de pressão na inflação. O real perdeu cerca de um quarto do valor desde o começo da pandemia, em 2020”.

Outros estudos relacionam o baixo crescimento e a retração econômica do Brasil com a falta de investimento em educação, ciência e tecnologia e com a consequente desindustrialização e opção política, dos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, por manter o país na condição de exportador de matéria prima e importador de produtos industrializados.

Este problema foi apontado por sindicalistas[1] em artigo publicado também na seção Tendências e Debates em 12/11/2021. Ao contestar os objetivos e a evolução da reforma trabalhista de 2017, eles mostraram dados que revelam as intensas perdas do país em termos de competitividade global assentadas em um processo de desindustrialização deflagrado a partir do governo de Michel Temer.

“Com a aposta deliberada dos últimos governos no setor primário e extrativista, em detrimento do industrial, o Brasil reitera sua posição no cenário internacional como exportador de commodities e importador de tecnologia. Resta esclarecer que a modernização não nasce da retirada de direitos e sim de políticas de Estado que fomentem industrialização, infraestrutura, educação, pesquisas, inovações, apoio às micro e pequenas empresas, além de programas de geração de empregos e distribuição de renda para vencer a pobreza com justiça social, sustentabilidade, liberdade e democracia”, afirmam os sindicalistas.

O discurso dos sindicalistas vai de encontro com o que o ex-presidente Lula defende em seu artigo desta terça-feira. Ele e Rezende dizem que “Nos anos recentes, tem havido um retrocesso sem precedentes nas políticas de C&T no país. O desmonte das instituições públicas, na direção do Estado mínimo, é a marca de um governo que aprofunda a agenda neoliberal e um ajuste fiscal irrealista. Vamos na direção oposta da China e de outros países” e sentenciam que “Será fundamental restabelecer uma política e um plano de ciência, tecnologia e informação, recuperar as agências federais e prover orçamentos adequados, em esforço conjunto do Estado e das empresas. O exemplo de outros países, nossos próprios avanços e o amargo retrocesso que sofremos não deixam dúvidas: educação e ciência são essenciais para a reconstrução e o futuro do Brasil”.

Além de apontar um caminho sólido e inclusivo para o desenvolvimento nacional e de se opor radicalmente a uma política de desmonte da educação, da ciência e da tecnologia, Lula, em seu artigo, faz um aceno diplomático à China. É mais um sinal de uma postura contrária a de Bolsonaro que trabalhou para destruir a importante relação que há entre os dois países.

Além de resgatar políticas de educação, ciência e tecnologia, ao próximo governo também caberá resgatar a diplomacia, que foi mais um, entre tantos focos de destruição deste desgoverno.

Nota:

[1] Miguel Eduardo Torres, presidente da Força Sindical e da CNTM, José Reginaldo Inácio, presidente da NCST, Paulo Cayres, presidente da CNM/CUT, Francisco Pereira da Silva, Chiquinho, secretário de Organização da UGT, Alvaro Egea, secretário geral da CSB, Nivaldo Santana, secretário Internacional da CTB, Eunice Cabral, presidente da Conaccovest, Eliseu Silva Costa, presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, Marcelino Rocha, presidente da FITMetal/CTB, Sergio Luiz Leite, presidente da FEQUIMFAR, Antonio Vitor, presidente da FETIASP, Antônio Silvan Oliveira, presidente da CNTQ, João Carlos Juruna Gonçalves, secretário geral da Força Sindical.

Fonte: Rádio Peão Brasil

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