Agentes penitenciários são torturados durante curso em MG

Seguranças de penitenciárias também foram expostos à chuva durante uma semana e à covid-19, segundo sindicato

Aloísio Morais

Seguranças de penitenciárias estão sofrendo torturas e outros abusos em Minas Gerais, durante o Curso de Operações Prisionais Especiais (Copesp), segundo denúncia do Sindicato dos Policiais Penais (Sindppen). Ao tomar conhecimento do caso, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG) abriu procedimento para investigar as denúncias. O curso é voltado para a formação de policiais penais aptos a trabalharem no Comando de Operações Especiais (Cope), grupo de elite da Polícia Penal, especializado em ocorrências complexas, como rebeliões, motins e transferências de presos de alta periculosidade.

O sindicato divulgou as imagens dos alunos do curso, onde é possível ver hematomas em partes do corpo, como nádegas, mãos e coxas. A Unidade de Treinamentos da Sejusp reconheceu que os machucados nas mãos podem ser de alunos, devido a flexões de punho, mas negou que os demais hematomas foram causados por atividades do curso. O Sindppen denuncia também que os alunos do curso foram expostos ao risco de infecção por covid-19.

“Temos relatos de colegas que sofreram abusos de instrutores, com cordas. Foram humilhados com termos pejorativos. Fugiu um pouco das diretrizes do que seria um curso de operações especiais”, afirmou o diretor de Comunicação do Sindicato, Felipe Quintela. Segundo ele, vários alunos ficaram expostos às chuvas do início deste mês. “Os colegas permaneceram durante toda semana molhados, com fardamentos e mochilas molhados”, disse. Magno também denuncia a falta de testagem para covid-19. “Ninguém foi testado. Nem os participantes, nem os instrutores. Relatos apontam que alguns saíram por estarem gripados e muitos testaram positivo para covid-19”, destacou.

O chefe da Unidade de Treinamentos da Sejusp, Marco Matos, afirmou à Rádio Itatiaia que todas as denúncias serão apuradas. “Nenhum tipo de excesso será tolerado. Não houve nenhum tipo de excesso, mas, mesmo assim, já foi aberta uma investigação interna para apurar as denúncias, verificar algum tipo de excesso e se as fotos são verdadeiras.” Sobre as fotos de machucados nos dedos, ele disse que “os alunos deste tipo de curso são submetidos a flexões, mas deixo bem claro que eles estão lá porque querem. Eles são voluntários e a qualquer momento podem se negar a fazer algum tipo de exercício, pedem desligamento e não são obrigados a fazer nada”.

Sobre a denúncia de falta de testagem para covid-19, Marco afirmou que uma primeira bateria de testes foi feita e nenhum aluno ou instrutor testou positivo. Cinco dias depois, em uma nova bateria, houve resultados positivos. “Por conta disso, colocamos todos em quarentena e suspendemos o curso por sete dias. Quando eles retornaram e apresentaram resultados negativos para covid-19, retomamos o curso”, observou.