Queda na venda de carros aumenta desemprego no setor

De acordo com Emílio Chernavsky, licenciamento de veículos mais do que dobrou nos governos Lula e Dilma graças ao aumento sustentado da renda, à expansão do crédito e aos incentivos tributários no período.

Produção de veículos na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) — Foto: Divulgação/Volkswagen

Não é raro encontrar motoristas de Uber que já foram metalúrgicos em cidades como São Paulo, São Bernardo do Campo ou Taubaté. Com o fechamento de montadoras de carros e a saída de grandes empresas do País, os empregos na indústria diminuíram e seguem caindo drasticamente.

O doutor em economia Emílio Chernavsky lamenta a situação. Segundo ele, “a indústria automobilística é formada por cadeias produtivas longas, e sua expansão possui relevante efeito indutor sobre a atividade econômica, a geração de empregos qualificados e o desenvolvimento tecnológico no país”.

Em outras palavras, o economista aponta que além dos empregos diretos gerados pela indústria, há diversos outros indiretos. Eles vão desde pequenas fábricas que produzem componentes simples – como parafusos – até os restaurantes no entorno e as escolas profissionalizantes.

O economista analisa a história recente da indústria no Brasil. “O licenciamento de veículos no Brasil, que flutuava em torno de 1,5 milhões de unidades por ano na década de 1990s, cresceu continuamente nos governos Lula e Dilma, aproximando-se dos 4 milhões em 2014. Isso foi possível, principalmente, graças ao aumento sustentado da renda e à expansão do crédito no período”, diz, em entrevista ao Portal Reconta Aí.

Chernavsky ainda cita o mecanismo utilizado pelos governos petistas para chegar ao resultado descrito: “a concessão de incentivos tributários que reduziram o preço relativo dos automóveis e viabilizaram sua aquisição por parcelas da população historicamente dela excluídas”.

Contudo, nem tudo são flores. Há um questionamento importante no incentivo às indústrias automobilísticas, principalmente, em relação aos danos ao meio ambiente. Chernavsky aponta que ainda que esses questionamentos cresçam, o papel das indústrias não será esvaziado tão cedo.

“Mesmo em um cenário desejável em que as preocupações ambientais ganhem destaque cada vez maior e os veículos para transporte individual, especialmente, aqueles movidos a combustíveis fósseis, tenham sua expansão reduzida, deve continuar a ter um papel importante na indústria nos países desenvolvidos”, ressalta.

Pesando os prós e os contras, o economista conclui que a indústria automobilística poderia estar ajudando o país a sair da crise econômica e de empregos que se encontra hoje. “A forte redução da produção e das vendas de veículos registradas no Brasil desde a crise econômica de 2015 é especialmente negativa. Após seis anos de reformas liberalizantes, os resultados prometidos até agora não vieram e as perspectivas do setor continuam sombrias”.

Fonte: Portal Reconta Aí