Parceria entre TSE e redes sociais resolverá pouca coisa, diz pesquisador

“Poucas plataformas possuem medidas de fato para combate à desinformação. O WhatsApp, por exemplo, não tem praticamente nenhum mecanismo, a não ser restrição da viralização. Nas demais, elas são frágeis”, explica Jonas Valente

(Arte: Migalhas)

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou uma série de parcerias com oito redes sociais que atuam no Brasil. O objetivo da articulação, formalizada nesta terça-feira (15), é combater a desinformação durante e após o período eleitoral.

Algumas plataformas anunciaram que abrirão um canal direto com o TSE. A maioria se comprometeu a continuar retirando conteúdos danosos.

Poucos dias antes, entretanto, uma pesquisa realizada pelo Intervozes, coletivo que atua no direito à comunicação, apontou justamente a falta de transparência dos aplicativos neste tema. Jonas Valente, pesquisador e um dos autores do levantamento, afirma que as plataformas são pouco claras sobre como combatem a desinformação.

Daquilo que se sabe ou é possível verificar, há também um alto grau de ineficácia. “Poucas plataformas possuem medidas de fato para combate à desinformação. O WhatsApp, por exemplo, não tem praticamente nenhum mecanismo, a não ser restrição da viralização. Nas demais, elas são frágeis”, explica o pesquisador.

Segundo Valente, boa parte da verificação é automática – ou seja, não feita por humanos – o que leva a muitos erros. “Além da falta de transparência nas regras, os relatórios de transparência das plataformas não trazem as medidas sobre conteúdos desinformativos, o que não permite acompanhar o que é feito”, complementa.

O “centro do problema”, para Valente, é o modelo de negócios destas plataformas, em que mais engajamento significa mais dinheiro. “Coletam mais dados e incentivam conteúdos virais, inclusive os extremos e desinformativos”, resume.

Não à toa, as mesmas plataformas que firmaram parcerias com o TSE se colocam contra o Projeto de Lei 2630, que determinaria regras gerais para a questão.

A pesquisa do Intervozes pode ser acessada aqui.

Fonte: Reconta Aí