Preço da gasolina dispara na refinaria entregue por Bolsonaro a fundo árabe

Gasolina na refinaria privatizada por Bolsanaro – ex-RLAM, na Bahia, está custando 27,4% a mais do que a vendida pela Petrobrás. Já o valor do diesel S-10 chega a ser 28,2% maior. Preço do gás de cozinha subiu 13%, informa o jornal Hora do Povo.

Bolsonaro em visita ao príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohamed bin Zayed. Foto: Alan Santos/PR

Os combustíveis da refinaria privatizada Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, renomeada Refinaria Mataripe, já são superiormente mais caros que os das refinarias da Petrobrás. É o que aponta uma estimativa do Observatório Social da Petrobras (OSP), organização ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

Sob o controle do Fundo Árabe Mubadala Capital – do príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed Al Nahyan -, a gasolina na Refinaria de Mataripe já está custando 27,4% a mais do que a vendida pela Petrobrás. Já o valor do diesel S-10 chega a ser 28,2%, maior.

O economista do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), Eric Gil Dantas, adverte que, “chegamos a um momento em que a população deve decidir se seguiremos com a agenda privatista ou se manteremos os ativos estatais da Petrobrás. Se o processo de privatização do parque de refino da companhia continuar, isso que está acontecendo na Bahia se ampliará para o restante do Brasil”, afirmou ao Estadão. De acordo com o levantamento da OSP, a gasolina na Bahia deverá ficar mais cara do que a do Rio de Janeiro, que é hoje o estado com os maiores preços.

Assim que o governo Bolsonaro entregou a refinaria RLAM em dezembro de 2021 para a Acelen – holding da Mubadala –, o fundo árabe modificou a métrica e a forma de divulgação dos reajustes dos combustíveis. Só neste ano, a empresa já realizou cinco reajustes nos preços dos combustíveis, sendo o último no sábado (5).

Devido aos sucessivos aumentos, a Bahia é o estado com os combustíveis com os preços mais elevados do Brasil frente às refinarias da Petrobrás.

Gil Dantas também destacou que o conflito na Ucrânia acentuou o problema dos preços dos combustíveis, mas que o encarecimento da gasolina e do diesel na Bahia já é estrutural com a privatização. Para se ter uma ideia, no Golfo do México, que serve como referência para o Preço de Paridade de Importação (PPI), que é a mesma política de preços da Petrobrás, o aumento do valor da gasolina foi de 15% na semana passada. “Entretanto, os custos para produzir gasolina e diesel no Brasil não mudaram”, alertou Dantas.

“O único custo que aumentou foi o pagamento de participações governamentais. A Petrobrás pode sim segurar os preços localmente sem que haja prejuízos contábeis. O último resultado, com lucro líquido de R$ 106 bilhões e distribuição de dividendos de R$ 100 bilhões, mostra o quanto de gordura a empresa tem para queimar”, disse o economista.

Aumento de 13% no ´gás de cozinha

Nos últimos 30 dias, o Fundo árabe já aumentou em 13% o gás GLP, popularmente conhecido por gás de cozinha. O último reajuste, de 3,24%, foi realizado no dia 2 de março. No dia 1º de fevereiro a Acelen já havia reajustado o gás que subiu entre 9.1% e 9,4%, a depender do ponto de entrega e modalidade.

A Bahia foi o único estado a aumentar o gás GLP. O último aumento do gás de cozinha anunciado pela Petrobrás foi no dia 9 de outubro de 2021.

“Saímos de um monopólio estatal para um monopólio privado de petróleo, o que é um perigo para a nação”, afirmou o Coordenador Geral do Sindipetro, Jairo Batista, ao destacar que “A Acelen está muito confortável, pois herdou um amplo mercado estruturado e pode fazer o que bem entender porque não tem concorrência”.

Fonte: Portal do jornal Hora do Povo