Peru: Processo de impeachment cria nova instabilidade para governo Castillo

Oposição de direita acusa Pedro Castillo de violações constitucionais e corrupção

© Presidência do Peru/Divulgação

O Congresso peruano aprovou nesta segunda-feira (14) a abertura de um processo de impeachment contra Pedro Castillo, medida promovida pela oposição que busca, pela segunda vez em menos de quatro meses, destituir o presidente de esquerda em meio a acusações de corrupção e baixa popularidade.

O professor e sindicalista assumiu o governo há apenas sete meses e já teve inúmeras instabilidades, como um racha em seu partido e dificuldades com nomeações de ministros. O tom golpista da oposição encontra espaço na mídia e nas redes sociais.

Com 76 votos a favor, 41 contra e uma abstenção, o Congresso aprovou a abertura do processo, e a chefe do Parlamento, María del Carmen Alva, convocou o presidente para responder em 28 de março às acusações de supostas violações constitucionais durante suas funções.

A denúncia apresentada pela oposição alega uma suposta “incapacidade moral” do presidente para ocupar o cargo. Além disso, a oposição fala em “contradições e mentiras do presidente nas investigações dos promotores”, nomeações “questionáveis” de pelo menos 10 ministros de Estado, a existência de um suposto gabinete paralelo e ainda acusa Castillo de uma suposta “traição à pátria”, em referência a uma fala do mandatário sobre a possibilidade de convocar um referendo para negociar uma saída ao mar para a Bolívia.

A moção foi apresentada por 49 parlamentares que integram os partidos conservadores Renovación Popular, Avanza País e Fuerza Popular, além de contar com apoio de alguns legisladores que são membros de outros partidos.

À margem do processo de impeachment, o Congresso aguarda Castillo na terça-feira para entregar uma “mensagem” ao país, de acordo com um pedido enviado pelo presidente ao Parlamento na sexta-feira, aprovado pelos parlamentares anteriormente.

De uma região de selva do país, Castillo confirmou sua presença no Congresso na terça-feira, “para dizer o que estamos fazendo e o que vamos fazer por este país”.

“Mas também me entristece que paralelamente a isso as artimanhas continuem e as pessoas não sejam ouvidas, porque acabaram de aprovar a moção de vacância, mas é por isso que temos que dizer ao país que viemos aqui não para roubar um centavo dele e vamos dizer isso amanhã”, declarou em um discurso público.

O presidente superou em dezembro uma primeira tentativa de impeachment por falta de votos. Após a argumentação do mandatário, o Congresso deve colocar a moção em votação. Neste caso, são necessários 87 votos para aprovar o impeachment de Castillo.

Para destituir Castillo, que assumiu o cargo no final de julho, o Parlamento precisa reunir pelo menos 87 votos dos 130 parlamentares, um cenário improvável diante das divisões na oposição.

Com informações das agências internacionais

Autor