Pesquisa mostra que UTIs covid em SP estão ocupadas por idosos

Dados coletados em hospitais privados do estado, revelam contingente de idosos ainda não totalmente vacinados ou com baixa resposta imunológica, o que aponta para necessidade de quarta dose.

Leito de UTI em hspital de campanha. Foto: Rovena Rosa ABr

Pesquisa realizada em hospitais privados no estado de São Paulo mostra que em 76% deles a faixa etária dos idosos, entre 60 e 79 anos, é mais frequente dentre as pessoas internadas nas unidades de tratamento intensivo (UTI) destinadas aos cuidados contra a covid-19. Os dados de fevereiro também relatavam um cenário parecido com leitos clínicos de 41% dos hospitais registrando também pessoas de 60 a 79 anos.

De acordo com o presidente do SindHosp, o médico Francisco Balestrin, a prevalência da ocupação das UTIs, em sua maioria, por idosos pode ser explicada pelo maior número de comorbidades que atingem as pessoas dessa faixa etária e também pela resposta imunológica menor às vacinas, característico de pessoas mais idosas.

“Existe um contingente de idosos que ainda não estão com seus programas de vacinação completos. E aqueles que estão com o esquema completo, essas pessoas não têm a mesma resposta imunológica, mesmo após ter tomado todas as vacinas, que tem, por exemplo, um jovem”, disse. “Eu diria que essa pesquisa é o indicativo de que vale a pena sim vacinar os idosos [com a quarta dose], nesta fase, exatamente por conta da sua perda de capacidade de resposta imunológica”.

A pesquisa, realizada pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp) e divulgada hoje (17), foi feita no período de 7 a 14 de março com 72 hospitais privados que, juntos, possuem 7.937 leitos, dos quais 1.650 destinados a UTI de adultos e 168 pediátricas. 

O levantamento revela uma diminuição substancial na internação de pacientes graves com covid-19: 67% dos hospitais informaram que menos de 20% dos leitos UTI covid estão ocupados. As internações em leitos clínicos também está baixa, segundo a pesquisa: 72% dos hospitais disseram estar com menos de 20% desse tipo de leito ocupados. 

Para Balestrin, a diminuição das internações em UTI e o contínuo aumento dos atendimentos de urgência nos prontos-socorros podem indicar que a contaminação dos pacientes mais jovens tem ocorrido de forma mais leve em decorrência da vacinação em massa. 

Afastamento de profissionais

A pesquisa mostra também que, para 48% dos hospitais, o maior problema enfrentado no atendimento a pacientes com covid-19 é o afastamento de equipes multiprofissionais em razão de  problemas de saúde. Em fevereiro, esta taxa era de 67% dos hospitais, com 21% relatando que o grande problema referia-se ao aumento do atendimento de urgência/emergência maior que a capacidade do hospital.

Já o índice de cancelamento de cirurgias eletivas está baixo: 58,5% dos hospitais relataram que menos de 20% das cirurgias eletivas foram canceladas, enquanto 41,5% afirmam que não está havendo cancelamento.

Na pesquisa anterior, feita em fevereiro, mesmo com a ocupação de UTIs em baixa, 40% dos hospitais informaram que estavam cancelando de 21% a 40% das cirurgias eletivas e 36% dos estabelecimentos de saúde estavam com cancelamento de até 20%.

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