Reforçada com verbas, base de Bolsonaro cresce no fim da janela partidária

Com seus parlamentares beneficiados com recursos de emendas do chamado orçamento secreto bilionário, os partidos da base de apoio a Bolsonaro saem com saldo positivo no fechamento da janela partidária na última sexta-feira (1º). De acordo com levantamento da Agência Câmara, o PL do presidente se tornou a maior bancada da Câmara, com 73 deputados no momento. Ou seja, mais do que dobrou o número levando em conta o início da atual legislatura, quando tinha 33 deputados.

O mesmo levantamento revela que grande parte dos novos deputados do PL veio do União Brasil, partido criado com a fusão do PSL e DEM. Antes da janela partidária, o União contava com 81 deputados, mas agora está com 47, atrás do PT (com 56) e PP (50). Outros partidos que cresceram foram o Republicanos, atualmente com 45 deputados, e o PSD, com 43.

Na avaliação de parlamentares da oposição, grande parte dessa movimentação se deve ao orçamento secreto para este ano de R$ 16,5 bilhões, que tem possibilitado a liberação de emendas dos deputados e senadores para suas respectivas bases eleitorais. Os recursos são controlados pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, caciques do Centrão.

“Com o fim da janela partidária, a base aliada de Bolsonaro na Câmara foi turbinada. O que alimentou a turbina não foi somente a afinidade ideológica, mas o orçamento secreto bilionário”, observou a deputada federal Erika Kokay (PT-DF).

Na avaliação do vice-presidente do PCdoB, Walter Sorrentino, o Centrão foi o maior beneficiado. “Fortaleceu a si e a Bolsonaro. Centrão nunca foi tão poderoso desde a redemocratização, a partir do comando do Congresso e a nova escala de poder do próprio Congresso, com autoridade sobre o orçamento federal”, afirmou.

“O polo atrator das legendas progressistas foi relativamente anulado, porque os candidatos podem apoiar ou não Lula desde qualquer posição ou legenda que ocupem; mas se beneficiam de estar próximos ao polo governista. O polo da terceira via bateu cabeça e se enfraqueceu ainda mais”, avaliou.

Com isso, Sorrentino prevê uma batalha eleitoral intensa. “Talvez mais do que nunca seja verdadeira, neste ano, a verdade empírica de que o segundo turno eleitoral é uma nova eleição. Batalha vai ser renhida. Dependerá essencialmente de se, de fato, a questão econômica e social da vida dos brasileiros estará no centro do debate”, considerou.

Fusão e incorporação

Mesmo antes da chamada janela partidária, 39 deputados já haviam deixado a legenda pela qual foram eleitos em 2018. Além do cenário eleitoral, uma motivação para mudança de legenda é a fusão ou incorporação de partidos.

Em 2019, quando a cláusula de barreira passou a vigorar, houve a incorporação do Partido Republicano Progressista (PRP) ao Patriota; e do Partido Pátria Livre (PPL) ao PCdoB. Três deputados do PRP optaram por seguir para outras legendas: PSL, PL e PSD.

No ano passado, o TSE aprovou o pedido de incorporação do Partido Humanista da Solidariedade (PHS) ao Podemos (Pode). No entanto, seis deputados do PHS foram para outras legendas: três para o PL, dois para o PP e um para o DEM.

Nas eleições de 2018, 30 partidos elegeram representantes para a Câmara dos Deputados. Com a fusão recente e outras incorporações e trocas de legenda, o número de siglas caiu para 23.

Bancadas atuais na Câmara

* Partidos que tiveram incorporação ou fusão

O PCdoB terá 8 deputados com o retorno ao mandato, esta semana, do deputado Márcio Jerry (MA).

Com informações da Agência Câmara