Aprovada mineração a 5 km do centro de Belo Horizonte

Aloísio Morais

Por oito votos a quatro e contrariando a expectativa da população e de ambientalistas, o Conselho de Política Ambiental do Estado de Minas Gerais (Copam) aprovou a exploração de minério de ferro na Serra do Curral pela mineradora Taquaril Mineração S/A (Tamisa). O local onde o minério será extraído fica próximo ao bairro Taquaril e a cava estará a exatamente cinco quilômetros da Praça 7, no centro de Belo Horizonte.

Devido à grande participação de representantes da sociedade civil, parlamentares e ambientalistas contra a proposta, a reunião do Copam se estendeu por mais de 18 horas, terminando às 2h45 da madrugada deste sábado. Na quinta-feira foi realizada a passeata “Tira o Pé da Minha Serra” pelo centro da capital para marcar posição contra a mineração defendida por entidades e órgãos ligados aos interesses do governo mineiro e empresários.

Ambientalistas como o médico Apolo Heringer Lisboa, do combatente Projeto Manuelzão, não têm dúvidas de que a mineração na Serra do Curral trará sérios prejuízos ecológicos e hídricos aos moradores da capital mineira. Porém, o conselho composto em sua maioria por integrantes ligados aos interesses das mineradoras se baseou em aspectos tecnicistas para aprovar a proposta. Diante disso, ao final da reunião, o ambientalista Tobias Vieira, representante da entidade Promutuca, anunciou seu desligamento do Copam, ao constatar que a maioria dos integrantes do órgão está interessada apenas em saciar a ganância das mineradoras, desconsiderando aspectos sociais e ecológicos.

Quando vereador de Belo Horizonte na última legislatura, Gilson Reis, do PCdoB, presidiu uma CPI da mineração que atuava na Serra do Curral. Segundo ele, “na ocasião foram levantados vários parâmetros ambientais, sociais, culturais, usados para fechar a mineração. Esses parâmetros foram confirmados por todos os envolvidos como governos estadual, municipal, Ministério Público Estadual, IBAMA, IEPHA, órgãos de controle ambiental, de saúde etc. Todos os parâmetros usados para fechar a mina estão presentes no empreendimento aprovado ontem pelo Copam. Este é um crime de lesa humanidade”.