Casagrande declara voto em Lula: “Sou contra o governo Bolsonaro”

“Faz quatro anos que a democracia no Brasil está sendo atacada covardemente, de uma maneira intensa e de uma forma muito desleal – que é em cima de mentiras e fake news”, afirmou ex-jogador ao Roda Viva

O ex-jogador e comentarista esportivo Walter Casagrande avalia que a democracia “está sendo atacada diariamente” sob o governo Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista nesta segunda-feira (9) ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Casão declarou que votará em Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022. Mas ponderou que hoje, antes de tudo, é um opositor do bolsonarismo.

“Faz quatro anos que a democracia no Brasil está sendo atacada covardemente, de uma maneira intensa e de uma forma muito desleal – que é em cima de mentiras e fake news”, afirmou Casagrande. Segundo ele, o governo age para “distorcer informações e confundir pessoas”, sobretudo fora dos grandes centros. “Isso é uma covardia. Eu acho perverso.”

Casagrande criticou especialmente a negligência do governo frente à pandemia de Covid-19, que já causou mais de 664 mil mortes no País. “A perversidade não está só em atacar a moral ou o físico (de alguém). De um modo mais completo, a perversidade é enganar as pessoas, enganar um povo, confundir a cabeça de um povo que está sofrendo”, comentou o ex-jogador. “O presidente da República, Jair Bolsonaro, não comprou a vacina porque ele não quis comprar no momento em que tinha de comprar. Depois que comprou, fez campanha contra – e as pessoas foram morrendo.”

Ídolo da Democracia Corinthiana – movimento liderado por ele, Sócrates e Wladimir no vitorioso Corinthians do início dos anos 1980 –, Casagrande diz que a ameaça à democracia brasileira é maior atualmente (governo Bolsonaro) do que naquele período (fim da ditadura militar). “Hoje, na minha visão, o momento é mais dramático”, comentou. “Eles (Bolsonaro, seus filhos e apoiadores) estão em guerra. Nós queremos votar. Eu quero votar e não estou em guerra com ninguém.”

O ex-jogador afirmou ter assinado vários pedidos de impeachment de Bolsonaro. Em um deles, os autores destacaram sua adesão e a do cantor Chico Buarque – o que desencadeou ataques das hordas bolsonaristas. “Caíram matando.      Tive de sair de um grupo (do WhatsApp) que eu mesmo criei, porque eu não estava aguentando”, relatou.

Ainda no primeiro bloco do programa, o jornalista Juca Kfouri perguntou em quem Casagrande deve votar na eleição 2022. “Primeiro, é o seguinte: eu sou contra o governo Bolsonaro”, respondeu elle, emendando que apoiará a candidatura de Lula. “Eu sempre votei no mesmo partido, Juca. Desde 1982, eu sempre votei no PT.” Com uma exceção: em 2018, o ex-jogador optou por Ciro Gomes (PDT) no primeiro turno da eleição à Presidência da República. “Gosto do Ciro também”, afirmou. “Mas o meu voto (em 2022) é o mesmo de sempre.”

Casagrande criticou duramente o “silêncio” e a “alienação” dos atuais jogadores. “É a falta de comprometimento com a própria sociedade”, disse. Em sua opinião, até os atletas da Seleção Brasileira “não têm conhecimento da importância da voz – e não só em relação à política”. Ele cita a omissão do elenco diante da Copa América de 2021, que, negada por outros países, foi acolhida pelo Brasil, em meio à segunda onda da pandemia. “Trouxeram a Copa América num momento em que estavam morrendo 3 mil, 4 mil pessoas por dia aqui. A Copa não era nossa”, disse.

A seu ver, se fosse a Seleção Brasileira de 1982, os atletas “não iriam jogar”. Casão ainda lembrou que, mesmo na crise sanitária, houve atletas que organizaram festas – e lamentou o “silêncio de jogadores” diante de casos como o de Robinho, que foi condenado por estupro. “Ficam quietos, continuam saindo juntos.”

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