Demitidos de fábrica em Jacareí devem receber indenização social

No total, serão demitidos 489 metalúrgicos para reforma da fábrica. Sindicato luta para que a empresa reabra em 2025 na mesma cidade e recontrate os trabalhadores.

Assembleia dos trabalhadores da Caoa Chery - Foto: Roosevelt Cássio do Sindicato

Trabalhadores da Caoa Chery, em Jacareí (SP), aprovaram um plano de indenização social para os 489 metalúrgicos que serão demitidos em 1º de julho. O acordo, votado em assembleia na última sexta-feira (10), foi intermediado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). A unidade deverá ser reaberta em 2025, após um processo de adaptação da linha de montagem à produção de carros elétricos.

Quando anunciou o fechamento da planta, em 5 de maio, a empresa limitou-se a oferecer uma indenização de três salários aos demitidos. O Sindicato defendia a adoção de um plano de layoff (suspensão dos contratos de trabalho), o que foi rejeitado repetidas vezes pela montadora.

“Essa luta tem de ser valorizada por toda a categoria metalúrgica. Os trabalhadores estiveram na linha de frente, junto com o Sindicato, combatendo bravamente os ataques pretendidos pela Caoa Chery. Com as mobilizações, os companheiros saem de cabeça erguida dessa luta”, afirma o diretor do Sindicato Anderson Elias Xavier.

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Segundo o MPT, quem for demitido receberá a título de indenização de nove a 15 salários (teto de R$ 5 mil por salário), conforme o tempo de serviço. A empresa deverá manter plano de saúde, plano odontológico e vale-alimentação por 12 meses. “O plano também contém a priorização na contratação dos trabalhadores dispensados no caso de reabertura da planta fabril da montadora, bem como a garantia de treinamento de todos”, informa ainda o Ministério Público.

Segundo a direção da montadora, 100 trabalhadores permanecerão na fábrica em setores de vendas, pós-venda, manutenção, qualidade e logística. Dentro desse grupo estão cipeiros, acidentados e outros que têm estabilidade no trabalho. Aqueles que não quiserem ficar terão direito à indenização. 

Enfrentamento
Durante 37 dias, o Sindicato lutou ao lado dos trabalhadores contra o fechamento da Caoa Chery e as demissões. Foi um período de intensa mobilização, com assembleias, passeatas, acampamento na fábrica, cobrança ao poder público e ações judiciais.

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Apesar da aprovação da nova proposta, o Sindicato dará prosseguimento à campanha contra o fechamento da fábrica. A exigência é de que a produção de carros elétricos fique em Jacareí, como foi prometido pela empresa. 

O Sindicato vai cobrar o compromisso de reabertura da fábrica até 2025 e exigir que os governos federal, estadual e municipal também façam essa cobrança. Até agora, o poder público não fez sua parte na luta contra o fechamento de mais uma fábrica na região e a desindustrialização pela qual passa o país. 

“Não vamos aceitar o fechamento da fábrica. A empresa foi beneficiada com incentivos fiscais e obras públicas, portanto tem de assumir sua responsabilidade com a cidade e os trabalhadores. O acordo aprovado hoje não significa o fim da guerra. Continuaremos juntos, organizados, para que a fábrica volte a operar em Jacareí”, afirma o diretor do Sindicato Guirá Borba Guimarães.

Desconhecimento incompetente

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