Indigenistas da Funai anunciam paralisação por 24 horas

Servidores exigiram retratação do presidente do órgão, que acusou o colega desaparecido de estar em área irregular, e farão ato de protesto em Brasília nesta terça (14).

Bruno Araújo e Dom Phillips (Fotos: Reprodução do Twitter)

Após o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, não ter cumprido ultimato dado até as 18h desta segunda-feira (13), os servidores do órgão decidiram entrar em paralisação por 24 horas. As declarações feitas por Xavier, de que o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira se encontravam em áreas não autorizadas na Amazônia, geraram indignação por parte da categoria, que exigiu uma retratação. Os colegas do indigenista desaparecido agendaram um ato de protesto para as 9h em frente ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, em Brasília.

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) disse que Bruno Araújo Pereira tinha licença para entrar em território indígena antes do desaparecimento na Amazônia. De acordo com os servidores, não houve, portanto, qualquer irregularidade na conduta de Bruno, que está licenciado do órgão, e as declarações do presidente da Funai tratam-se de difamação.

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Em carta enviada a Marcelo Xavier, os indigenistas exigem também o envio imediato das forças de segurança pública para assegurar a integridade física dos que atuam lotados nas Bases de Proteção do Vale do Javari – Quixito, Curuçá e Jandiatuba, bem como as sedes das CRs do Vale do Javari e CFPE-VJ., região onde Bruno e Dom desapareceram. No documento, eles também cobram o imediato de força tarefa para apoio aos servidores e às atividades das CRs Alto Solimões e Vale do Javari, bem como da FPE-VJ, que desde o começo do incidente de proporção internacional estão sozinhos para desempenhar suas funções.

A decisão de iniciar o movimento caso o ultimato não fosse atendido foi tomada em assembleia realizada nesta tarde por servidores de entidades que representam a categoria: Indigenistas Associados – INA, Associação Nacional dos Servidores da Funai – ANSEF, Sindicato dos Servidores Públicos do Distrito Federal – SINDSEP – DF e Confederação dos Trabalhadores no serviço Público Federal – CONDSEF. As entidades exigem ainda que o governo tenha agilidade nas buscas aos desaparecidos.