Nova legislação sobre segurança pública do RN é sancionada
Resultado de ampla discussão com a sociedade, política estabelece princípios, diretrizes e objetivos que o Estado deve alcançar nos próximos dez anos
Publicado 15/06/2022 17:29 | Editado 15/06/2022 20:09
Em ato histórico nesta segunda-feira (13), a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra sancionou a Lei Complementar 711/2022, que cria a Política Estadual de Segurança Pública e Defesa Social e institui o Sistema de Segurança Pública do Rio Grande do Norte. A construção dessa política teve a participação direta do vice-governador Antenor Roberto.
Resultado de ampla discussão que estabeleceu os princípios, as diretrizes e os objetivos que o Estado deve alcançar daqui em diante, a nova lei reconhece a segurança pública como política de Estado e não de governo, garante atuação integrada dos órgãos estaduais, federais e municipais e promove a cultura de paz.
Ela também estabelece, de forma clara, as estratégias e os meios a serem implementados para atingir objetivos, garante a participação e o controle social na formulação e acompanhamento de políticas públicas de segurança, dificulta a descontinuidade de programas, projetos e ações e proporciona o melhor aproveitamento de recursos evitando desperdícios, tendo em vista a garantia de que o Plano Estadual possa vigorar por 10 anos.
“Esta lei que estamos sancionando hoje é fruto do diálogo e do debate, que trouxeram para dentro dela as vozes da sociedade. Não é uma lei importada, que estava na prateleira de uma consultoria e foi adaptada e enviada para aprovação da Assembleia Legislativa. Não! A daqui foi costurada no diálogo, ouvindo todas as vozes. Junto com o vice-governador e com o secretário de segurança, estamos tendo a alegria de dizer ao Rio Grande do Norte e ao Brasil, que o nosso estado é o primeiro a ter um plano estadual de segurança pública, conectado com o que preconiza o Sistema Único de Segurança Pública (Susp)”, disse a governadora Fátima Bezerra, destacando o trabalho realizado pelas diversas instituições para elaboração do plano estadual, e lembrando que ela também contribuiu com a proposta do SUSP nacional no início da década passada.
A proposta do SUSP foi enviada ao Congresso em 2012 pela então presidenta Dilma Rousseff e aprovado em 2018. Fátima participou das discussões como deputada federal e como senadora: “Quis o destino que eu, como governadora, estivesse aqui, neste momento, para sancionar a lei. E o que isso significa para o Rio Grande do Norte? Que o Estado tem uma política concreta para avançar, cada vez mais, do ponto de vista de reduzir os índices de violência e de criminalidade. Queremos, com esse plano, passar confiança, sinalizar para o povo que temos um governo que tem dado total prioridade a essa área por saber que ela é fundamental para garantir um direito fundamental mais sagrados, que é o direito à vida, com paz e prosperidade”, afirmou Fátima.
Fátima Bezerra disse ainda que o Rio Grande do Norte já vinha colocando em prática o que está na lei, como a redução dos crimes violentos (2.234 vidas poupadas), a reestruturação e a valorização do sistema de segurança. “Reconhecemos o trabalho dedicado das forças de segurança. Sem vocês não estaríamos colhendo esse resultado. Aqui tem a alma, a dedicação do policial militar, do policial civil, dos bombeiros, da Seap. Aqui também tem as parcerias muito importantes como a Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal”, registrou a governadora.
Política diferenciada
O vice-governador Antenor Roberto, presidente da comissão especial que conduziu os trabalhos, que fez a entrega simbólica do Plano Estadual de Segurança Pública (PESP/RN) à governadora durante solenidade, lembrou que o debate com a sociedade foi o diferencial do Rio Grande do Norte na elaboração da lei. “Nenhuma lei no Brasil – e ainda são poucas – teve esse diferencial. Alguns (estados) fizeram edições de decretos, muito mais formalidades para alcançar os recursos das transferências fundo a fundo. Nós criamos o Conselho Estadual de Segurança Pública, o Comitê Gestor do Fundo, levamos o debate à sociedade, acatamos emendas legislativas que agregaram valor ao projeto. Foi uma concertação como é próprio do nosso governo.”
Antenor Roberto lembrou a luta do advogado Marcos Dionísio Medeiros Caldas, que presidiu o Conselho Estadual de Direitos Humanos e morreu em 2017, e elogiou o trabalho da equipe que o ajudou na elaboração do plano. Ele disse que o grande parâmetro de combate à violência, hoje, são os crimes violentos letais intencionais. “Vamos avançar e aprimorar os dados para questões como o feminicídio, os crimes envolvendo questões raciais e da sexualidade (…) O nosso plano não é uma abstração, trabalhamos com as concretudes e algumas das coisas já estão acontecendo como a questão do enfrentamento, as medidas de reestruturação do sistema de segurança. É um plano da vida real, dialogando com a vida real”, pontuou Antenor Roberto.
Outra mudança registrada por Antenor foi a Polícia de Proximidade, que vai trazer a população para interagir com as forças policiais. “Para que a polícia não seja somente a parte ostensiva que entra para combater o crime, mas também se relacionar com a comunidade para saber as dificuldades que a comunidade está passando.”
O juiz federal Walter Nunes Júnior, coordenador de Segurança da Justiça Federal do RN e corregedor da Penitenciária Federal de Mossoró, que acompanhou a solenidade remotamente, declarou: “Assim como mudamos radicalmente a realidade do RN em relação ao sistema prisional, hoje merecendo ser referência de como sair do caos para uma de controle, de segurança, de paradigma para o Estado, tenho certeza de que, a partir da implementação das diretrizes e estratégias estabelecidas nessa lei, vamos, sim, alcançar um estágio bastante interessante e passar a ser também um espelho para os demais estados do País.”
Para o Coronel Araújo, secretário da Segurança Pública e da Defesa Social, com o novo ordenamento jurídico, o Rio Grande do Norte fica alinhado completamente ao sistema único de segurança pública nacional. “Tudo isso contribui e fortalece as ações para combater a criminalidade. Quanto maior a integração das instituições, maior o enfrentamento da criminalidade e da violência.” Araújo elogiou a atuação do vice-governador Antenor Roberto, que conduziu os trabalhos sobre o novo sistema.
Plano Estadual de Segurança Pública (PESP)
O Plano Estadual de Segurança Pública – PESP/RN é o principal instrumento de implementação da Política Estadual de Segurança Pública.
É por meio do PESP que são estabelecidas metas, ações, iniciativas e objetivos a serem perseguidos pelos próximos 10 anos. Com a publicação do PESP, o RN terá seu primeiro Plano de Estado.
O Plano promoverá uma nova forma de atuação dos órgãos de segurança, proporcionando ações de curto, médio e longo prazos que se desenvolverão dentro de uma dinâmica inédita na história do RN.
Benefícios decorrentes do plano
Dentre os benefícios do plano está o estado terá um diagnóstico técnico da situação da segurança pública, proporcionando uma maior clareza dos problemas relacionados a essa questão no RN. Além disso, estabelece uma série de ações estratégicas que devem ser implementadas pelos integrantes do sistema em relação à criminalidade violenta, reestruturação do sistema de segurança, valorização dos profissionais de segurança, participação e controle social (eixos do plano).
Outro ponto é que o plano atribui responsabilidade aos integrantes do sistema através de uma matriz de responsabilidades; impõe que os órgãos de segurança entreguem seus planejamentos estratégicos e digam como contribuirão para o alcance dos objetivos do plano e garante o acesso aos recursos federais para o estado, haja vista que o plano é uma imposição da política nacional para os estados conveniados. Com o plano, o Rio Grande do Norte cumpre 100% das contrapartidas estabelecidas pelo SUSP.
Com Ascom Governo do Estado do RN
Fotos: Ascom RN