Presidente da Caixa será convocado para esclarecer denúncias de assédio sexual

As denúncias, reveladas pelo portal Metrópoles, destacam relatos de mulheres que afirmaram terem sofrido recorrentes momentos de assédio durante o trabalho

O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado vai votar a convocação presidente da Caixa, Pedro Guimarães, para que ele preste informações sobre denúncias de assédio sexual a funcionárias da empresa. O líder da Oposição na Casa, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), já protocolou requerimento nesse sentido. No caso de aprovação, Guimarães será obrigado a comparecer. 

As denúncias, reveladas pelo portal Metrópoles, destacam relatos de mulheres que afirmaram terem sofrido recorrentes momentos de assédio durante o trabalho. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público Federal (MPF).

De acordo com Randolfe, a convocação “será fundamental para a proteção das mulheres trabalhadoras da Caixa Econômica Federal, que até então nunca havia passado por escândalo semelhante em seus em seus 161 anos de existência”.

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“Depois de uma semana de notícias devastadoras sobre violência sexual, surge mais uma! São graves as acusações contra Pedro Guimarães, indicado de Bolsonaro”, disse o senador.

Guimarães está desde o início do governo Bolsonaro. Ele foi indicado ao cargo pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, mas se afastou do ministro para se tornar próximo de Bolsonaro com quem tem ligação direta. Outros membros da equipe, no entorno do presidente, defendem o afastamento imediato dele.

A palavra assédio, seja moral ou sexual, traz a ideia de que existe uma relação de poder do assediador sobre a vítima – Arte de Lívia Magalhães com ilustrações de Freepik

“Eu considero um assédio. Foi em mais de uma ocasião. Ele tem por hábito chamar grupo de empregados para jantar com ele. Ele paga vinho para esses empregados. Não me senti confortável, mas, ao mesmo tempo, não me senti na condição de me negar a aceitar uma taça de vinho. E depois disso ele pediu que eu levasse até o quarto dele à noite um carregador de celular e ele estava com as vestes inadequadas, estava vestido de uma maneira muito informal de cueca samba canção. Quando cheguei pra entregar, ele deu um passo para trás me convidando para entrar no quarto. Eu me senti muito invadida, muito desrespeitada como mulher e como alguém que estava ali para fazer um trabalho. Já tinha falado que não era apropriado me chamar para ir ao quarto dele tão tarde e ainda me receber daquela forma. Me senti humilhada”, disse uma funcionária à TV Globo.

“É tudo muito sensível e que gera muito medo. Funcionário, mulher, a gente se sente impotente. [Ele pedia] Abraços mais fortes. [Dizia] ‘me abraça direito’. E, nesses abraços, o braço escapava e tocava nos seios, nas partes íntimas, atrás. Era dessa forma”, disse outra funcionária que entrou em depressão e pediu licença.

MPF

A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) oficiou o Ministério Público Federal pedindo o afastamento de Guimarães. A parlamentar afirma que a medida é necessária para evitar que ele coloque em risco as vítimas que, de maneira corajosa, realizaram as denúncias e comprometer a lisura e eficiência das investigações.

“A prioridade no momento deve ser a proteção das vítimas. Os relatos são vários e estarrecedores. O caso vem à tona bem no momento em que discutimos a violência contra as mulheres e que o governo federal vem fazendo uma verdadeira cruzada machista e misógina. Tudo nos leva a acreditar que o governo não economizará esforços em protegê-lo das investigações, por isso o afastamento é tão importante”, diz Fernanda.

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