Bolsonarista que assassinou dirigente petista está vivo, diz delegada

De acordo com a delegada, embora a polícia tivesse informado o óbito de Jorge José da Rocha Guaranho anteriormente, foi apurado que ele foi internado no Hospital Municipal Padre Germano Lauck

Autor do crime Jorge José da Rocha Guaranho (Foto: Reprodução)

A delegada Iane Cardoso, responsável pelas investigações do assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), Marcelo Arruda, disse que autor do crime Jorge José da Rocha Guaranho, bolsonarista e agente penitenciário, não morreu na troca de tiros.

“Ele está vivo e estável, custodiado pela Polícia Militar e foi autuado em flagrante”, afirmou a delegada em entrevista coletiva realizada neste domingo (10). A polícia investiga o crime como sendo de “motivação de política”

De acordo com a delegada, embora a polícia tivesse informado o óbito de Jorge José da Rocha Guaranho anteriormente, foi apurado que ele foi internado no Hospital Municipal Padre Germano Lauck.

A policial civil Pâmela Suellen Silva, de 38 anos, viúva da vítima, contou detalhes sobre a morte do marido. Ela estava próxima dele quando ocorreu o crime.

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Confira o relato da viúva:

“Ontem nós estávamos comemorando, o Marcelo estava completando cinquenta anos. Ele é do Partido dos Trabalhadores de Foz do Iguaçu, nós estávamos em uma associação de servidores, fizemos uma decoração do PT. A festa já estava acabando, a gente já tinha cantado parabéns, estava tudo bem, tudo tranquilo, tinha só um pouco de convidados na festa. Alguns dos convidados, inclusive, eram simpatizantes do Bolsonaro.

Nós temos amigos que têm opiniões diferentes e nem por isso a gente saiu dando tiro um no outro, se matando. Por volta das 23h, desceu um carro branco, o estacionamento é bem próximo ao local da festa e do salão. A gente até pensou que era um dos convidados.

Ele manobrou, de repente abriu o vidro e começou a falar ‘Bolsonaro’, ‘Mito!’, ‘Morram os petistas!’. Era alguém que a gente nunca viu. O Marcelo, que estava mais próximo, foi conversar com ele para pedir que parasse, que aquela era uma festa particular, que ele se retirasse. Aí ele sacou da arma e mirou no Marcelo.

Nesse momento eu entrei na situação e me identifiquei como policial, mas não adiantou muito. Aí a mulher dele, que estava dentro do carro com o filho, pediu pelo amor de Deus que parasse.

Nem eu e nem o Marcelo estávamos armados naquele momento. Ele falou que ia voltar. Quando o homem saiu, Marcelo foi até o carro e pegou a arma, dizendo que tinha que se prevenir. Dez minutos depois o homem voltou, saiu do carro com a arma em punho e começou a atirar.

Atirava a esmo na direção das pessoas, foi quando Marcelo sacou da arma e revidou. Houve a troca de tiros, ele acertou a perna do Marcelo e depois o abdômen. Marcelo conseguiu acertar ele também com cinco tiros. A gente não tem a nenhuma ideia de onde surgiu esse cara. Marcelo fez campanha para vice-prefeito, nunca me contou sobre ter sofrido ameaças. As discussões mais quentes que ele tinha sobre política eram nas redes sociais.

Nós estávamos com medo dessa radicalização. Fazia algum tempo que a gente vinha conversando sobre não se expor muito, pelo medo da agressão. Eu observo que a gente que tem uma ideologia de esquerda, quando está em público, dependendo do local, não pode se expor muito.

Só que dessa vez a nossa opção político-partidária estava representada numa decoração de festa, porque a gente decorou com algumas coisas do PT. Achava que tinha o direito de fazer uma festa com o tema que a gente quisesse. Mas a gente não tem. Eu aprendi isso com a pior dor da minha vida. Democracia zero.

Esse homem acabou com a minha vida, acabou com a minha família, não sei se por ignorância, retardamento. Não sei o que passa na cabeça de uma pessoa dessas. Tem uma ideologia de ódio que tem que parar de ser estimulada, o uso de armas também.

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