Para oposição, Bolsonaro cometeu crime

Lula lamentou que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país, como emprego, desenvolvimento ou combate à fome: “Ao invés disso, conta mentiras contra a democracia”. Para a presidenta nacional do PCdoB, presidente atacou a soberania do país e o processo eleitoral. “Já viu que vencer essa eleição no voto está difícil, então sonha com um golpe que anuncia. Não passará!”, declarou Luciana Santos.

TV Brasil transmitiu o discurso golpista de Bolsonaro. Imagem: Reprodução TV Brasil Reprodução TV Brasil

A oposição ao Governo Bolsonaro irá à Justiça contra as declarações realizadas nesta segunda-feira (18) pelo presidente diante de uma plateia de embaixadores estrangeiros no Palácio do Planalto. Parlamentares repudiaram as acusações de Bolsonaro, que mais uma vez levantou suspeitas sobre o sistema eleitoral brasileiro e a segurança das urnas eletrônicas.

“O que Bolsonaro fez hoje é inédito na história das relações diplomáticas do Brasil. Chamar embaixadores do mundo todo para contar mentiras sobre a urna eletrônica e acusar instituições brasileiras sem provas é muito grave. Não é só vergonhoso, como é crime. Um ataque à soberania do país e ao processo eleitoral. Só revela seu desespero e seu caráter autoritário. Já viu que vencer essa eleição no voto está difícil, então sonha com um golpe que anuncia. Não passará!”, declarou a presidenta do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos.

Luciana Santos Foto: Reprodução das redes sociais

“Jamais se viu algo tão surreal. Se as eleições de 2018 foram ‘fraudadas’, como diz o mentiroso da República, o mandato dele é ilegítimo, portanto, ele sequer tem autoridade para chamar a reunião com embaixadores”, criticou em suas redes sociais o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). “Bolsonaro passou de todos os limites. Um maníaco decidido, por mais insano que seja, é um risco real. Se não houver reação concreta das instituições, o sociopata levará o país ao caos”, acrescentou.

Também para a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC), ao chamar os embaixadores pra ouvir mentiras sobre as urnas eletrônicas, acusando sem provas o TSE, Bolsonaro comete crime contra soberania nacional atentando contra as instituições e expõe o Brasil a um vexame internacional. A parlamentar cobrou providências do Ministério Público.

“Ninguém está acima da Constituição Brasileira, muito menos o presidente da República, que deveria respeitá-la. Tenta construir um golpe à democracia sob mentiras. Não há nenhuma prova de fraude no sistema eleitoral brasileiro. Ataca as instituições e o povo. Uma vergonha para o mundo”, escreveu a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Lula

O ex-presidente Lula lamentou que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país. “Emprego, desenvolvimento ou combate à fome, por exemplo. Ao invés disso, conta mentiras contra a democracia”, afirmou. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que não haverá trégua à escalada fascista e autoritária de Jair Bolsonaro e que a Frente Vamos Juntos pelo Brasil, dos partidos que apoiam a candidatura Lula-Alckmin, irá encaminhar ao Tribunal Superior Eleitoral representação solicitando condenar Bolsonaro por propaganda irregular e o partido dele a divulgar errata desmentido as declarações do presidente. “Chegou a hora definitiva de colocar fim à palhaçada fascista e autoritária de Jair Bolsonaro”. Além disso, segundo o parlamentar, a frente irá solicitar tempo do PL na TV equivalente ao gasto por Bolsonaro nesta segunda, durante a apresentação que foi transmitida pela TV Brasil.

Após Bolsonaro ter reunido os embaixadores estrangeiros para levantar suspeitas sobre o sistema eleitoral brasileiro, o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contestou as acusações feitas pelo presidente. Na apresentação realizada aos diplomatas, Bolsonaro voltou a falar sobre a invasão de um hacker ao sistema da Justiça Eleitoral em 2018, afirmação pela qual ele já responde no Supremo Tribunal Federal por ter divulgado dados sigilosos da apuração.

Segundo a corte, o acesso indevido não representou risco à integridade das eleições porque a invasão ocorreu ao sistema interno do tribunal, sem relação com o sistema de segurança das urnas eletrônicas. Organismos internacionais especializados em observação, como OEA e IFES, já iniciaram análise técnica sobre a urna eletrônica. Contarão com peritos em informática, com acesso ao código-fonte e todos os elementos necessários para avaliarem a transparência e integridade do sistema eletrônico de votação”, disse.

Com informações do Valor Econômico