Falta cloroquina para tratamento de malária em aldeias indigenas

A informação do desabastecimento consta da Nota Técnica nº 53, assinada em junho pelo coordenador-geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial, Marcelo Yoshito Wada.

Carregamento de cloroquina entregue pelo governo em populações indígenas em Roraima, 2020. Foto: Agência Saúde

Manaus (AM) – Após o governo federal “entupir” as aldeias com cloroquina para tratamento contra a Covid-19, a população indígena está sem estoque do medicamento para tratamento de malária nos Distritos Sanitários Indígenas (Dseis) dos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, entre outros. Uma nota técnica do ​​Ministério da Saúde, obtida com exclusividade pela Amazônia Real, informa que há a falta de cloroquina nas aldeias. Relatos confirmam que o estoque no Dsei Yanomami, em Boa Vista, capital de Roraima, acabou em junho.

A informação do desabastecimento consta da Nota Técnica nº 53, assinada em junho pelo coordenador-geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial, Marcelo Yoshito Wada. “Devido ao atraso na produção e distribuição da cloroquina, enfrentamos desabastecimento temporário deste medicamento em alguns locais”, confirma a nota. 

Leia também: OMS declara varíola dos macacos como emergência global

A preocupação é que a falta de cloroquina tem obrigado os agentes de saúde a adotarem uma alternativa, que é o emprego de uma combinação de medicamentos utilizados apenas em casos graves da doença. Cura, mas em pouco tempo a própria cloroquina pode se tornar ineficaz para combater o parasita da malária.

Segundo a Nota Técnica 53, o tratamento de malária por  Plasmodium vivax é curar tanto a forma sanguínea quanto a forma hepática (cura radical) da doença para prevenir recrudescências e recaídas. “Para isso, usa-se a combinação de dois medicamentos: cloroquina e primaquina. O tratamento é realizado com cloroquina por três dias e, para o tratamento radical, utiliza-se a primaquina por sete dias, conforme descrito no “Guia de Tratamento de Malária, 2021″ (0027444542)”.

Leia também: Programa de Lula tem maior participação popular da história

De acordo com o documento, assinado também pela diretora do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cássia de Fátima Rangel Fernandes, “caso o paciente volte a apresentar malária por P. vivax até o dia 60 após início de tratamento, deverá ser tratado com artemeter/lumefantrina ou artesunato/mefloquina durante três dias e primaquina por 14 dias. Gestantes com malária por P. vivax devem usar apenas a cloroquina”. 

Cloroquina entregue em aldeias indígenas, em 2020. Foto: Agência Saúde

Reportagem do Amazônia Real, de julho de 2021, mostrou dados a respeito da medicação: desde que o Brasil confirmou o primeiro caso do novo coronavírus, em 26 de fevereiro de 2020, os Dseis da região receberam 622 mil comprimidos de cloroquina 150 miligramas enviados pelo Ministério da Saúde. 

Apesar do envio em massa de cloroquina, o número de casos de malária entre indígenas do povo Yanomami no período da pandemia aumentou, segundo o Grupo de Trabalho de Saúde Indígena da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Em 2020, foram registrados 19 mil casos no Dsei Yanomami, o que significa que, no ano passado, aproximadamente 67% da população de 28.141 pessoas foi afetada. 

Do site Amazônia Real

Autor