Em final de mandato, Bolsonaro só cumpriu 36% do que prometeu em 2018

Ao dividir por temas, os dados apontam que as promessas envolvendo educação e cultura, relações exteriores e privatizações lideram o ranking de promessas não cumpridas

Ilustração: Aroeira

Segundo levantamento feito pelo G1, em três anos e meio de governo, Bolsonaro não cumpriu 48% das promessas feitas aos eleitores em 2018. Dos 58 compromissos assumidos, apenas 21 foram cumpridos, o que corresponde a 36% do total. Os dados mostram ainda que 16% das promessas foram cumpridas parcialmente.

“As promessas dos políticos” é uma pesquisa feita desde 2015 por jornalista do portal de notícia.

Um dos destaques do levantamento foi a promessa de Bolsonaro de manter na estrutura de um eventual governo apenas 15 ministérios.

“Em 1º de janeiro de 2019, Bolsonaro deu posse a 22 ministros. Em junho de 2020, para atender a um pedido do Centrão, recriou o Ministério das Comunicações e nomeou o deputado Fábio Faria (PSD-RN), chegando a 23 pastas”, destacou reportagem do G1.

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Ao dividir por temas, os dados apontam que as promessas envolvendo educação e cultura, relações exteriores e privatizações lideram o ranking de promessas não cumpridas.

Na área de educação, por exemplo, o governo defendeu na campanha o investimento no ensino básico como prioridade. Mas o que se observou foram cortes drásticos nessa área, inclusive na educação básica.

“Os maiores retrocessos na educação desde a redemocratização aconteceram durante o governo Bolsonaro. Isso vai do Enem mais branco e mais injusto da história, o corte nas federais e o recorde de evasão escolar. O maior legado é a tragédia na educação brasileira”, disse a presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Jade Beatriz.

Na última segunda-feira (25), o governo anunciou o corte de R$ 6,73 bilhões que vão atingir diretamente duas áreas estratégicas: saúde e educação. O secretário do Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, disse cinicamente: “É natural que tenha tido um contingenciamento em saúde e educação porque o orçamento deles é muito grande”.

(Foto: Reprodução)

Fome

Aliás, desde o início do governo Bolsonaro o que se viu foram ataques aos direitos sociais, a escalada do desemprego, fome e miséria. São 10,6 milhões de trabalhadores e trabalhadoras desempregados. Para se ter ideia, 125,2 milhões de brasileiros sofrem com a insegurança alimentar. Ou seja, 6 a cada 10, não têm acesso regular e permanente ao alimento.

Dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), revelam que, entre dezembro de 2020 e abril de 2022, aumentou de 19 milhões para 33,1 milhões o total de pessoas com fome no país.

“Não há qualquer planejamento que tenha em vista o bem do país, só os ganhos pessoais de Jair Bolsonaro. Essa forma de conduzir o país nem de perto se comparam ao conjunto de políticas que atuavam, de forma integrada, em benefício da população – como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o Mais Médicos, e muitos outros. É como jogar uma colherada de terra sobre um buraco marcado pela retirada de verbas, desmonte de programas reconhecidos internacionalmente e descaso com a população”, diz nota da campanha do ex-presidente Lula.

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