Isolamento crescente de Bolsonaro afeta campanha de seus aliados

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, escondem o presidente nas campanhas de aliados

Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados)

Depois do manifesto “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito” expor o isolamento de Bolsonaro em diversos segmentos da sociedade, o capitão golpista também enfrenta rejeição entre os próprios aliados.

Reportagem do Estadão revelou que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, escondem o presidente nas campanhas de aliados no Nordeste.

Para uma região, onde o ex-presidente Lula tem 59% da preferência ante 24% de Bolsonaro, segundo a última pesquisa DataFolha, aparecer ao lado do atual presidente é uma espécie de suicídio eleitoral.

No Piauí, estado de Ciro Nogueira, o diretório estadual do PP acionou o Tribunal Regional Eleitoral para tentar proibir a circulação de imagens de seus candidatos ao lado do presidente.

Leia mais: Bolsonaro minimiza manifesto, mas adesões ultrapassam 300 mil

A sigla, que é controlada pelo ministro-chefe da Casa Civil, diz à Justiça Eleitoral que o presidente “possui altíssimo índice de rejeição em pesquisas mais recentes” e diz que o material que circula no WhatsApp dos seus candidatos ao lado do presidente é “fake news”. Contudo, o TRE negou o pedido alegando que as mensagens estão no limite da liberdade de expressão e comunicação.

Já Arthur Lira, segundo reportagem do jornal paulista, também esconde o presidente na sua propaganda em Alagoas.

“Suas publicações o apresentam como ‘Arthur Lira é foda’ e não trazem menção a Bolsonaro. Com R$ 16,5 bilhões de orçamento secreto para distribuir entre seus aliados no Congresso, os marqueteiros de Lira apostam na imagem de um tocador de obras independente e padrinho direto dos recursos para o Estado”, publicou o veículo.

“Candidatos a governos estaduais que ainda insistem em colar sua imagem a de Bolsonaro tentam dessa forma se credenciar a um segundo turno, com todos os riscos de isolamento. Em São Paulo e Pernambuco isso é muito claro”, observou Luciano Siqueira, colunista do Portal Vermelho.

De acordo com ele, que foi deputado estadual de Pernambuco e vice-prefeito de Recife, entre os chamados “agentes econômicos” cresce a preferência por Lula e, por consequência, o isolamento crescente de Bolsonaro.

Deputado Orlando Silva (Foto: Agência Câmara)

Isolamento

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), ainda tem muito jogo, mas a democracia está vencendo. “Eu também assinei a Carta em Defesa do Estado Democrático de Direito. Um movimento de toda a sociedade em defesa das eleições e contra o golpismo”, disse. “Cresce a Frente Ampla contra o golpismo. Bolsonaro isolado”, completou.

“Para desespero de Bolsonaro, até a elite parece que está abandonando o barco do golpe. O delinquente da República está isolado. Não será com o delírio do cercadinho que conseguirá derrubar nossa democracia. Venceremos!”, afirmou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro de Lula, disse que o isolamento do presidente é crescente. “Para que vocês imaginem o grau de isolamento do governo fascista de Bolsonaro no cenário global saibam que a Bloomberg acaba de publicar uma nota contra o golpismo no Brasil, defendendo nosso sistema de votação eletrônico e a estabilidade política do país”, disse.

Autor